É o que alertam especialistas de 14 países após revisão de 31 estudos
Paris, França. Usar um telefone celular pode aumentar o risco de se desenvolverem certos tipos de câncer cerebral em seres humanos. Por isso, usuários desses aparelhos devem adotar formas de reduzir sua exposição à radiação emitida por eles. As conclusões, que constituem um duro golpe contra os fabricantes de celulares, foram divulgadas ontem por especialistas em câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os resultados da maior pesquisa internacional sobre celulares e câncer foram divulgados em 2010, após serem estudadas pessoas que usaram esses aparelhos telefônicos durante mais de dez anos. Os pesquisadores constataram que, no grupo de pessoas que tinham usado o celular durante pelo menos 1.640 horas - o equivalente a meia hora de uso por dia durante dez anos -, havia 15% mais casos de glioma e 27% mais de meningioma (dois tipos de câncer cerebral).
Reunião. Um grupo de trabalho de 21 cientistas de 14 países se encontrou na Agência Internacional da OMS para Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês) e revelou que todas as evidências científicas disponíveis até o momento sugerem que o uso de celulares deveria ser classificado como "possivelmente carcinogênico".
A OMS tinha anteriormente declarado não haver evidência de vínculo entre o câncer e o uso de celulares. No entanto, agora a entidade classifica o uso de telefones móveis na mesma categoria que o de chumbo, clorofórmio e fumaça de exaustão de veículos em termos de risco de câncer.
A grande dificuldade para estabelecer com exatidão uma relação de causa e efeito na questão da radiação dos celulares é que as características do risco à saúde requerem décadas de exposição antes que se possa examinar as consequências de forma inequívoca. "O estudo da OMS confirmou as descobertas, feitas por vários grupos, de que o celular aumenta o risco de câncer no cérebro", diz o oncologista Lennart Hardell, da Universidade de Orebro (Suécia). Seja como for, os cientistas da OMS querem fazer mais pesquisas. O próximo estudo a respeito pretende avaliar 350 mil usuários de celular - e só será concluído daqui a 20 anos.
A radiação dos celulares é do tipo não ionizante, menos perigosa que a de uma máquina de raio X, mas semelhante à de um forno de micro-ondas em baixa potência. O efeito compara-se ao de cozinhar o cérebro do usuário - mas a longo prazo. Com isso, além dos efeitos maléficos do desenvolvimento de câncer e tumores, vários outros podem ocorrer, já que o local onde se segura um celular contra a cabeça coincide com o lobo temporal, onde se situa a memória no cérebro humano.
Jovens devem optar pelo envio de mensagens SMS
Paris. Especialistas alertam que, apesar de ainda não existirem estudos com crianças, a radiação pode penetrar mais profundamente no cérebro dos jovens, que têm crânios menores e couro cabeludo menos espesso. Uma vez que a velocidade de divisão celular nesse grupo de pessoas é mais alta, o impacto da radiação dos celulares é bem maior.
Por isso, segundo a epidemiologista Devra Davis, autora do livro "Disconnect", é bom ensinar os filhos a enviarem SMS e a não deixarem o telefone perto da cabeça enquanto dormem. O manual de segurança do iPhone 4, da Apple, recomenda usá-lo a pelo menos 15 mm do corpo ao se falar ao aparelho. No Blackberry, essa distância aumenta para 25 mm.
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