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7 de fevereiro de 2011

Nós podemos divinizar-nos, mas Deus não pode humanizar-se

Confusão começou com a divinização de Jesus em 325

As teologias das religiões mais antigas receberam influências da mitologia, misturando a divindade com a humanidade. É verdade que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, di-lo-nos a Bíblia. Mas é verdade, também, embora a Bíblia não o diga, que nós criamos Deus à nossa imagem e semelhança. É o que se chama antropo-morfização de Deus. E, enquanto Deus nos criou semelhantes a Ele em espírito, às vezes, nós o criamos semelhante a nós em corpo.

Os teólogos cristãos do passado foram também vítimas da mitologia. Por ser Jesus um homem de máxima perfeição humanamente possível, não deu outra. Os teólogos começaram logo a divinizá-lo. Eles agiram de boa-fé, mas incorreram noutro erro teológico muito comum, isto é, o exagero das coisas relativas a Deus. É claro que eles acertaram em muitas de suas elucubrações teológicas, mas erraram, e grande, quando concluíram que Jesus é Deus encarnado. Essa conclusão errada é o que se poderia denominar de uma antropomorfização oficial de Deus, e que se tornou a causa principal das antropomorfizações de Deus no decorrer dos séculos da história do cristianismo. E foi daí que surgiu o dogma da Santíssima Trindade com suas três pessoas, que devemos respeitar, mas que tornou confusa e complexa a concepção do Deus único e verdadeiro do monoteísmo cristão bíblico.

Tudo começou com a divinização de Jesus no polêmico Concílio Ecumênico de Nicéa (325), e a instituição oficial do Espírito Santo e, consequentemente, da Santíssima Trindade, no Concílio Ecumênico de Constantinopla (381). Nos originais bíblicos do Velho Testamento, em hebraico, e do Novo, em grego, o Espírito Santo é o espírito ou alma do homem. Portanto, o Espírito Santo é uma espécie de substantivo coletivo, que designa o conjunto de todos os espíritos humanos. E a Bíblia nos mostra que Jesus é de fato um homem e não outro Deus, que só pode mesmo ser um, a não ser que nós cristãos queiramos renegar o monoteísmo. "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (são João 17:3). E, na parábola da videira e dos ramos, fica também evidente que Jesus é diferente de Deus, e é diferente exatamente porque Jesus é Deus relativo e não Deus absoluto. "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor, e vós os ramos" (são João 15: 1 a 5). "...o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou" (são João 13:16). "Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1 Timóteo 2:5).

Por todos esses textos bíblicos citados, fica evidente que Jesus Cristo, Filho de Deus, é inferior a Deus, o Pai. Assim, se a segunda pessoa da Santíssima Trindade, ou seja, o Filho, fosse também Deus absoluto, não poderia ser menor do que Deus, o Pai, pois os dois seriam infinitos, não podendo um ser maior ou menor do que o outro.

Como se vê, a doutrina trinitária do cristianismo dogmático, em posição contrária à do cristianismo bíblico, complica a ideia sobre Deus, dificulta o entendimento entre o cristianismo e outras religiões monoteístas, divide os próprios cristãos e, o pior, incrementa a indiferença religiosa, a descrença em geral e o próprio ateísmo.

Pela nossa evolução de espíritos imortais e semelhantes a Deus que nós somos, e dentro da nossa possível perfeição humana, de algum modo, um dia, nós nos tornaremos divinos. Mas Deus não pode humanizar-se, pois Ele é imutável!


Escrito por: José Reis Chaves

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