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27 de janeiro de 2011

Às vezes, a felicidade deve ser procurada fora da gente

Autoconhecimento nem sempre traz alegria, ao contrário do que dizem alguns psicanalistas

NOVA YORK, EUA. É praticamente uma norma entre muitos terapeutas a afirmação de que o autoconhecimento é um pré-requisito para uma vida feliz.

Segundo muitos, o insight, a compreensão clara da natureza íntima de uma coisa, livra o paciente dos problemas emocionais e promove o bem-estar.

Talvez isso seja verdade, mas minha experiência recente me faz questionar se o insight é realmente tudo isso mesmo.

Pouco tempo atrás, atendi em meu consultório um homem com 30 e poucos anos que estava triste e aflito após ser abandonado por sua namorada pela segunda vez em três anos. Estava claro que seus sintomas eram uma reação à perda de um relacionamento e que ele não estava clinicamente deprimido.

"Revisei essa situação várias vezes na terapia", disse ele. O paciente teve problemas em suportar quaisquer separações das suas namoradas anteriores. Se um dos dois saísse para um fim de semana sem o outro, por exemplo, ou se ele estivesse viajando a trabalho, o resultado era sempre o mesmo: um estado doloroso de disforia e ansiedade.

Ele conseguiu detectar que seu sentimento poderia estar ligado a uma separação da sua mãe, que ficou hospitalizada por vários meses para tratar um câncer quando ele tinha 4 anos.

Mitos. Em suma, na terapia, ele teve muito insight sobre a natureza e origem da sua ansiedade. Entretanto, apesar do autoconhecimento, ele não se sentiu melhor. O que a terapia havia dado a esse homem foi uma narrativa coerente sobre sua vida; ela havia desmistificado seus sentimentos, mas não tinha conseguido mudá-los.

Isso aconteceu porque seu autoconhecimento foi falho ou incompleto?

Ou será que o insight, independentemente da sua profundidade, é limitado?

Alguns especialistas, principalmente psicanalistas e outros terapeutas, desentendem-se durante anos acerca dessa questão. Na verdade, esse antigo debate vai ao centro da discussão sobre como a terapia consegue (se e quando consegue) aliviar os problemas psicológicos dos pacientes.

Os debates teóricos não resolveram a questão, mas uma dica sobre a possível relevância do insight vem de estudos comparativos de tipos diferentes de psicoterapia - sendo que apenas algumas delas são simpáticas à importância do insight.

Dodô. Na realidade, quando dois tipos de diferentes de abordagens psicoterápicas foram comparados diretamente - existem mais de cem estudos assim - foi difícil encontrar quaisquer diferenças entre eles. Os pesquisadores chamam esse fenômeno de efeito Dodô, referindo-se ao pássaro de "Alice no País das Maravilhas", que, ao ficar responsável por uma corrida maluca, declara todo mundo como vencedor.

O significado disso para os pacientes é bastante claro. Se você se encontra, por exemplo, muito provavelmente vai se sentir melhor se o seu terapeuta usar uma abordagem cognitivo-comportamental, que tem como objetivo de corrigir pensamentos e sentimentos distorcidos, ou uma terapia psicodinâmica, que por sua vez é orientada pelo conhecimento de si mesmo.



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