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Luiz Mott |
Gays ficam na clandestinidade até mesmo quando morrem, diz GGB
RIO DE JANEIRO. Alçados a tema central da campanha presidencial, o casamento gay, a união civil entre pessoas do mesmo sexo e a criminalização da homofobia têm sido debatidos pelos candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) a partir do viés religioso e sem levar em conta um dado alarmante: o número de homossexuais assassinados por motivação homofóbica cresce a cada ano. Em 2009, 198 foram mortos no Brasil. Onze a mais que em 2008, e 76 a mais do que em 2007, um aumento de 62%. Os dados são do Grupo Gay da Bahia (GGB), fundado em 1980 e o único no país a reunir as estatísticas. Segundo o GGB, de 1980 a 2009, foram documentados 3.196 homicídios, média de 110 por ano.
"Infelizmente, a homofobia é um aspecto cultural da sociedade brasileira, que empurra os homossexuais para a clandestinidade, fazendo com que permaneçam à margem mesmo quando são mortos. Gays, lésbicas e travestis são mortos de forma cruel, geralmente tendo o rosto desfigurado, e acabam sendo considerados culpados", diz Marcelo Cerqueira, presidente do GGB.
Antropólogo e ex-presidente do GGB, Luiz Mott (foto) lembra que há subnotificação de dados, mas que ainda assim é possível afirmar que o número de mortes vem crescendo: "Antes, era um assassinato a cada três dias. Agora, acontece um a cada dois dias. O Brasil é o país com maior número de assassinatos. Ano passado, no México, por exemplo, foram 35".
Segundo Mott, a maioria dos crimes é motivada por "homofobia cultural": "Graças ao machismo e à bronca que muitos homens têm contra gays e travestis, eles matam imbuídos da ideologia de que homossexuais são covardes, têm dinheiro, que os vizinhos não vão se importar, e os juízes vão punir com brandura".
Em cinco capitais, mais de 60% são discriminados
RIO DE JANEIRO. Pesquisas feitas nas paradas gays do Rio, São Paulo, Recife, Porto Alegre e Belém, entre 2003 e 2008, pelo Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos, mostram que o número de homossexuais agredidos e/ou discriminados nessas regiões não é inferior a 60%. Em Pernambuco, 70,8% disseram ter sido agredidos. E, em São Paulo, 72,1% foram vítimas de discriminação. "O fato de não existir lei específica para crimes homofóbicos contribui para a violência", diz Sérgio Carrara, professor do Instituto de Medicina Social da Uerj e um dos coordenadores das pesquisas.
Ao lado da Bahia como o Estado mais homofóbico do Brasil, o Paraná registrou, segundo o GGB, 25 assassinatos em 2009: 15 travestis, oito gays e duas lésbicas. ão Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e Alagoas são outros quatro Estados mais homofóbicos.
fonte:Otempo
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