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17 de outubro de 2010

Milhões de brasileiros têm comportamento promíscuo

Eles admitem ter mais de cinco parceiros sexuais por ano; OMS recomenda que número não passe de três

Especialistas veem preconceito em critério; prevenção é o que importa

Com quantas pessoas você fez sexo no último ano? Se sua conta passou de três, pode se considerar promíscuo. Pelo menos essa é a avaliação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda que esse número não seja superado em 12 meses. Seguindo esse critério, o Brasil se torna o "país da promiscuidade", já que, só em 2008, 11,5 milhões de brasileiros entre 15 e 54 anos admitiram ter tido mais de cinco parceiros no ano, de acordo com pesquisa feita pelo Ministério da Saúde. O número mais que dobrou com relação a 2004, quando eram 4,3 milhões.

O estudante universitário P.R.C., 21, é uma das pessoas que se encaixam no "comportamento promíscuo" conforme os critérios da OMS. Todo fim de semana, ele sai e fica com pelo menos uma garota. Assim, como não faz a mínima ideia com quantas já ficou na noite, não consegue quantificar quantas leva para a cama por ano. "Todos os meus amigos fazem isso, é normal. Enquanto a gente não encontra a pessoa certa, nos divertimos com as erradas", brinca.

O advogado M.A., 30, namorou durante cinco anos seguidos e agora quer aproveitar a vida de solteiro. Desde que terminou o relacionamento, há cinco meses, ele já teve relações sexuais com três pessoas, mas não considera muito. "Não vou dizer que quero sair ficando com todo mundo, mas não vou deixar de me relacionar com alguém só porque a OMS acha isso promiscuidade", afirma. Ele conta que, entre os amigos solteiros, é o que menos tem relações. "Imagina uma turma de homens solteiros saindo todo fim de semana. Três relações são batidas facilmente. Eu não pretendo ficar contando", diz.

Com uma população tão "fogosa", o governo federal não compartilha o mesmo ponto de vista da OMS. "O Ministério da Saúde trabalha com a lógica de que o direito sexual tem que ser respeitado dentro da nossa diversidade. Não temos caráter moralista para fazer julgamentos sobre as práticas, só orientamos comportamentos que expõem mais ou menos a doenças sexualmente transmissíveis, como a não-utilização de camisinha", explica o diretor adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do órgão, Eduardo Barbosa.

Segundo a psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Alessandra Diehl, a recomendação da OMS visa diminuir os riscos de se contraírem doenças sexualmente transmissíveis (DST). "Essa determinação é antiga, mas a organização ainda preconiza isso. Os estudiosos estão tentando rever essa questão porque o sexo deve ser taxado de promíscuo se for desprotegido".

O infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Unaí Tupinambás concorda. Para ele, não importa o número de parceiros que a pessoa tem por ano, mas o nível de prevenção que adota em cada relação. "Se eu tenho relações com apenas três parceiras, mas, se cada uma das minhas três parceiras tiver relação com outros 20, então eu me relacionei com 60 no fim das contas. O que vai importar é se eu me protegi para isso", afirma.

A psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa em Estudos de Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP), explica que os jovens são os que mais têm relacionamentos ao ano. "As pessoas mais velhas vieram de outros tempos, de outra cultura. Não era um comportamento comum naquela juventude, que era educada para fazer sexo depois do casamento. Os que viraram adolescentes em um momento no qual têm maior liberdade sexual consequentemente acabam tendo um maior número de parceiros sexuais do que os mais velhos", diz.



fonte:Otempo

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