Related Posts with Thumbnails

19 de maio de 2010

Pesquisadores defendem uso medicinal da maconha no país

O psiquiatra Elisaldo Carlini defende o uso medicinal da maconha

Críticos dizem que há remédios que têm resultados sem risco de dependência

Duas semanas após a marcha pela legalização da maconha no país, uma nova proposta surge para a regularização do uso da erva. Desta vez, a movimentação vem de pesquisadores brasileiros que desejam criar uma agência nacional reguladora para o uso medicinal da maconha no país. A proposta foi discutida no Simpósio Internacional "Por Uma Agência Brasileira da Cannabis Medicinal?", encerrado ontem na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O evento foi promovido pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), ligado à Unifesp.

Esse tipo de agência já existe em vários países como os Estados Unidos, a França, Israel e Austrália. E, apesar de ser uma recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU), a ideia divide opiniões entre os especialistas brasileiros. Os que são favoráveis defendem os benefícios que a planta pode trazer no tratamento de algumas doenças. Estudos científicos comprovam que a maconha pode melhorar casos de dores crônicas, ajudar no controle de náusea e estimular o apetite, no caso de doentes terminais. O presidente do Cebrid, Elisaldo Carlini, é o principal defensor da ideia e alerta que a agência não teria relação alguma com o uso recreativo da droga. No uso recreativo, a erva é tragada em um cigarro para dar "barato". No medicinal, ela é o princípio ativo de um remédio (comprimido, cápsula etc) recomendado apenas com receita médica.

Os críticos dessa proposta entendem que os resultados advindos da Cannabis medicinal podem ser alcançados por meio de outros remédios. "A maconha causa dependência psicológica. Se existem outros remédios que ajudam da mesma forma e não causam dependência, não há por que usar a erva nem mesmo investir nela como se fosse uma novidade na medicina", afirma o psiquiatra e presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas de Minas Gerais, Aloísio Andrade. Ele lembra que a droga age de forma agressiva no corpo humano, alterando o estado de consciência do usuário e trazendo um quadro de hipoglicemia, entre outros prejuízos.

Para a coordenadora do Departamento de Dependência da Associação Brasileira de Psiquiatria, Ana Cecilia Marques, que participou do simpósio, a criação da agência é um investimento que não considera as prioridades de saúde pública do país. "Entendemos a importância de se estudar os efeitos da maconha para a medicina, mas, para que gastar dinheiro com uma agência, se há tantas instituições de pesquisa que podem fazer isso?".

Ela ressalta que a proposta é um passo muito grande para um assunto amparado por poucas pesquisas relevantes. Lembra, ainda, que muitas instituições ligadas ao assunto não foram convocadas à discussão. "É necessária uma estratégia de prevenção antes, até para que a população entenda que a maconha não é boa para a saúde", diz.

Associação em BH é contra ideia
Em Belo Horizonte, a proposta da criação da agência também desagradou alguns. O presidente da Associação Brasileira Comunitária para a Prevenção do Abuso de Drogas (Abraço), Elias Murad, acredita que os prejuízos do uso da maconha são maiores que os possíveis benefícios que ela poderia trazer. "Sou absolutamente contra qualquer uso medicinal da maconha. Existem vários medicamentos que têm as mesmas funções que a erva e agem com o mesmo objetivo. As consequências do uso contínuo da maconha podem ser bem piores", alerta. (TB)



0 comentários: