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7 de junho de 2011

Mais baratos, tablets ganham espaço nas escolas brasileiras

O número de escolas que usam tablets deve aumentar consideravelmente e em passos rápidos depois do barateamento

De objeto de luxo a material didático. O uso de tablets como instrumento de aprendizado pode deixar de ser uma realidade distante para as escolas brasileiras depois que a Medida Provisória número 5341/11 foi publicada no Diário Oficial da União. Com os tablets fabricados no Brasil incluídos na Lei do Bem, que reduz os impostos do gadget, redes de ensino já veem o mecanismo como um investimento que cabe no bolso.

A medida lembra 2005, quando a lei foi lançada para baratear o custo de computadores no programa Computador para Todos, do Governo Federal, o que aumentou o número de colégios com áreas de informática. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e pesquisas Educacionais (Inep), o número de escolas de ensino médio com computadores no Brasil em 2003, era de 61. Em 2009, depois da Lei do Bem para computadores em vigor, o número subiu para 25 mil.

Para o presidente da Federação dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (FEEESP), José Augusto de Matto, a inclusão dos tablets no incentivo governamental deve seguir o mesmo caminhos dos computadores e notebooks. "O número de escolas que usam tablets deve aumentar consideravelmente e em passos rápidos depois disso. É isso que as instituições particulares esperam do governo: uma ajuda nos seus investimentos", diz.

Exemplo disso é o Colégio Dante Alighieri, de São Paulo. De acordo com Valdenice Minatel, coordenadora de tecnologia educacional da instituição, a escola já pensa em um projeto de compra de tablets depois do barateamento. "Nós já temos há um tempo essa tecnologia, porém só possuímos cinco aparelhos, que são usados somente no ensino médio e no fundamental I. Com esse incentivo, já consideramos investir ainda mais para que todas as séries possam os utilizar", afirma.

O Colégio Israelita, de Porto Alegre (RS), estreou o mecanismo nas salas de aulas em abril deste ano. Podendo investir em somente cinco tablets, a coordenação pedagógica da escola optou por testar o funcionamento somente nas turmas de educação infantil, que abrange crianças de 3 a 6 anos de idade. O sucesso das atividades com o uso da tecnologia foi tão grande que a instituição já tem planos para aumentar o estoque. "Nós já pensávamos em comprar mais tablets para começar a trabalhar também com o ensino médio e com o fundamental, agora com os impostos reduzidos isso se acelerou", afirma a coordenadora pedagógica da educação infantil, Ana Margarida Chiavaro Machado.

O professor do Laboratório de Novas Tecnologias Educacionais da Unicamp (Lantec), Sérgio Ferreira do Amaral, acredita que o fácil acesso ao tablets vai aumentar o número de colégios com o instrumento, porém alerta para o fato de que a aquisição não deve ser um fato isolado. "Se a capacitação do professor não ocorrer simultaneamente à aquisição dos tablets, vai acontecer o que acontece com os computadores nas escolas. Fica mais tempo parado do que sendo utilizado pelos alunos e professores", afirma.

Gadget não pode substituir o lápis e o papel, dizem especialistas

Ana Margarida, coordenadora pedagógica do Colégio Israelita viu pela primeira vez os alunos da educação infantil não se distraírem durante as lições depois que os tablets viraram rotina nas salas de aulas. "É impressionante como essa tecnologia prende a atenção das crianças, elas nem piscam", brinca.

Segundo a pedagoga, o grande benefício do mecanismo não é o fato de impressionar os estudantes, e sim o de atender aos diferentes tipos de aprendizado. "Tem crianças que são mais visuais, outras que são mais auditivas e outras que são mais motoras. O tablet envolve algumas e o ensino formal outras, então conseguimos atingir todos os tipos de aprendizagem", diz. Por isso, Ana Margarida destaca que apesar de os professores não precisarem mais se ater somente ao giz e ao quadro-negro, a prática com lápis e papel ainda é importante e não pode ser deixada de lado.

Amaral, professor da Unicamp, concorda. "A tecnologia não melhora o processo, facilita. Os tables prendem mais a atenção da criança em função da familiarização do ambiente digital em que ela vive atualmente dentro de casa. Papel e lápis é outro conceito, mas que também deve ser trabalhado".

A diretora dos Projetos Pedagógicos Dinâmicos, Patrícia Fonte, defende que as crianças, acostumadas com games e internet, ficam muito inquietas com o ensino tradicional, e por isso os tablets entram como um instrumento de ensino eficaz e também interativo. Apesar disso, o uso do caderno ainda é essencial. "Não pode se restringir as aulas aos tablets. É imprescindível variar as propostas de atividades, explorando recursos diversos como artes plásticas, música, movimento, contação de histórias, entre outros. Independentemente do recurso ser ou não tecnológico, essa variedade é essencial, pois cada pessoa aprende de uma forma", conclui.



Fonte: Terra

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