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9 de maio de 2011

Estudo diz que dieta de baixo sal é ineficaz, mas muitos discordam

Órgãos de saúde pública dos EUA dizem que a análise é inconclusiva

NOVA YORK, EUA. Um novo estudo descobriu que dietas de baixo sal aumentam o risco de morte pore ataque cardíaco e derrame, além de não prevenirem pressão alta. Entretanto, algumas limitações da pesquisa apontam que o debate sobre os efeitos do sal na alimentação está longe de acabar. Na verdade, oficiais do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) ficaram tão incomodados com as possíveis falhas no estudo que chegaram a criticá-lo em uma entrevista, coisa que geralmente não fazem.

Peter Briss, diretor médico do CDC, disse que o estudo é pequeno; os participantes eram relativamente jovens, com média de 40 anos no início da análise; e que, com poucos eventos cardiovasculares, é difícil tirar conclusões. E, segundo Briss e outros pesquisadores, o estudo nada contra uma grande maré de evidências que indicam que o consumo de uma grande quantidade de sódio pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares. "No momento, esse estudo precisa ser visto com um pouco de cautela", disse o médico.

O estudo foi publicado na edição da última semana da "Revista da Associação Médica Norte-Americana". A pesquisa envolveu apenas quem não tinha pressão alta no início do estudo, foi considerada sugestiva e não conclusiva. Através de observação clínica, foram acompanhados durante 7,9 anos, em média, 3.681 europeus de meia-idade que não tinham pressão sanguínea alta ou doença cardiovascular.

Os pesquisadores avaliaram o consumo de sódio dos voluntários no início do estudo e em sua conclusão ao medirem a quantidade de sódio expelido na urina em um período de 24 horas. Todo o sódio que é consumido é expelido na urina em um dia. Então, esse método é a forma mais precisa para se determinar o consumo de sódio.

Foram determinadas três faixas de consumo de sal. Os pesquisadores descobriram que, quanto menos sal as pessoas consumiam, mais prováveis elas eram de morrer de doença cardíaca - 50 pessoas na menor faixa de consumo de sal (2,5 g de sódio por dia) morreram durante o estudo. Na faixa do meio de consumo (3,9 g de sódio por dia), 24 pessoas morreram. E, na mais alta (6 g), apenas dez faleceram durante o período de análise. E, mesmo com os voluntários que comeram mais sal tendo em média um pequeno aumento na pressão sistólica - uma elevação de 1,71 mm na pressão para cada aumento de 2,5 g de sódio por dia -, eles não se mostraram mais prováveis de desenvolver hipertensão. "Se a meta é prevenir a hipertensão com consumo menor de sódio, esse estudo mostra que não funciona", disse o autor principal, Jan A. Staessen, professor de medicina da Universidade de Leuven, na Bélgica.

Entretanto, um dos problemas do estudo, disse Briss, é que os voluntários que pareciam consumir a menor quantidade de sódio também forneciam menos urina do que aqueles que consumiam mais, um indicativo de que eles podem não ter coletado toda a sua urina em um período de 24 horas.

Briss afirma que não seria prudente tomar ações de saúde pública enquanto não houver um ensaio clínico amplo sobre o tema. Ele acrescenta que, infelizmente, seria quase impossível manter pessoas em uma dieta de baixo sal durante anos para se fazer uma avaliação mais coesa.

Sal faz mal?
Composição. O sal de mesa é também conhecido como cloreto de sódio. Sabe-se que o produto tem 40% de sódio. Segundo alguns especialistas, o problema maior é justamente o sódio.
Problema. O sal notadamente faz o corpo reter mais líquido, podendo ser prejudicial aos rins. O novo estudo levanta dúvida quanto ao produto realmente provocar hipertensão e problema cardíaco.

Efeito colateral
Déficit de sódio pode ser ruim

NOVA YORK. Michael Alderman, pesquisador de pressão sanguínea na Faculdade de Medicina Albert Einstein e editor da "Revista Norte-Americana de Hipertensão", disse que a literatura médica sobre o sal e seus efeitos sobre a saúde ainda é inconsistente, por falta de estudos mais abrangentes e mais bem desenvolvidos. Entretanto, ele pondera que o novo estudo não é o único a encontrar efeitos adversos nas dietas de baixo sal. Ele mesmo já realizou um estudo com pessoas que tinham pressão alta e descobriu que aquelas que consumiam a menor quantidade de sal eram mais prováveis de morrer.

Segundo ele, uma redução no consumo de sal tem consequências além da pressão sanguínea. Menos sal, por exemplo, aumenta a resistência à insulina, que pode aumentar o risco de doença cardíaca. "A questão da alimentação é uma coisa complicada", disse Alderman. "Quando se mexe em uma coisa, vai haver consequências não intencionais em outra".



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