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25 de abril de 2011

Não sejamos crianças, mas adultos, no estudo da Bíblia

Por ter erros, ela não pode ser interpretada literalmente 

Há dois modos de estudarmos a Bíblia: um dogmático e estático, e outro racional e dinâmico. O primeiro, por ser da infância da teologia cristã, vai caindo no esvaziamento. O segundo, da teologia de Kardec, é duma cristandade já adulta, mais evoluída. Disse Paulo que quando crianças, nós nos alimentamos de mingau, mas quando adultos, nosso alimento é sólido (1 Coríntios 3:2).

Tudo se transforma no universo, principalmente a nossa mentalidade, em evolução constante, pois ela é produto da nossa mente, que nunca quer aquietar-se. No passado, a Bíblia era considerada infalível. E até Jesus, para confirmar a verdade de alguns de seus ensinamentos perante os seus inimigos sacerdotes judeus, apela para essa interpretação judaica errada da Bíblia (João 10:35).

E a prova de que Jesus só assim falou para dar respaldo aos seus ensinos, é que, em outro passo, Ele próprio mostra erro na Bíblia: "Ouviste que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo (Velho Testamento). Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai para os que vos perseguem" (são Mateus 5:43-44). Deus evoluiu e mudou de ideia no tempo de Jesus? Não, pois Deus é imutável e infalível. A verdade é que o espírito autor daquela passagem antiga foi tomado erradamente por Deus.

Lembremos a advertência de João (1 João 4:1): "Eu não vim destruir a lei, mas confirmá-la". É melhor traduzir assim: eu não vim destruir a lei, mas aperfeiçoá-la, pois esse é também o significado dos verbos grego e latino: "plerosai" e "adimplere" (Vulgata Latina), como o demonstram tradutores recentes.

Observemos alguns erros da Bíblia: é proibido fazer imagens de qualquer ser (Êxodo 20:4), mas ela manda também fazê-las e de ouro (Êxodo 25:18); proibição de matar (Êxodo 20:13), mas ela ordena matar todos os homens de Mídiã (Números 31:7); Deus jamais se arrepende (1 Samuel 15:29), mas se arrepende (Gênesis 6:6; Êxodo 32:14; Jonas 3:10; e 1 Samuel 15:11 e 35); Aarão morreu no monte Hor (Números 33:38) ou em Mosera? (Deuteronômio 10:6-7); Davi tomou 1.700 cavaleiros de Adadezer (2 Samuel: 8:4), mas em outro passo foram 7.000 (1 Crônicas 18:4); o avô paterno de Jesus é Jacó (são Mateus 1:16), mas para Lucas foi Heli (Lucas 3:23); o espírito maligno é enviado também por Deus (1 Samuel 16:23); o Senhor ordena a Davi fazer o censo de Israel (2 Samuel 24:1), mas um outro autor confunde o próprio Deus com satanás (1 Crônicas 21:1). Fico aqui para não enfastiar o leitor.

Sigo o espiritismo de Kardec, cujo livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo" compõe-se dos mesmos quatro evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Apenas eles são estudados de maneira racional e não dogmática. É incontestável que a doutrina paulina da salvação pela graça e por sacrifícios, que foi incrementada por santo Agostinho e Lutero, não confere com a de Jesus: "A cada um será dado de acordo com suas obras". Será que devemos pôr em descrédito o Evangelho que Jesus nos veio trazer? E, se Ele corrigiu a Bíblia, é porque ela tem erros, e porque tem erros, ela não pode ser interpretada literalmente como sendo a palavra de Deus!
Saibamos separar o joio do trigo, seguindo o exemplo de Jesus, não aceitando cegamente tudo da Bíblia, pois ela foi escrita por homens inspirados por espíritos nem sempre já santos, mas que, como nós, apenas caminhavam ou evoluíam para serem santos!

Escrito por: José Reis Chaves



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