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20 de março de 2011

Boicote do cônjuge leva, sim, ao fim do relacionamento

Harmonia. Juliana e Frederico estão juntos há cinco anos: "Se ela faz algo que me incomoda, resolvo na hora; não dormimos brigados", diz ele

Planos de vida diferentes e falta de parceria são alguns indicativos 

A publicitária Ana Paula*, 26, decidiu recentemente colocar fim no namoro de quase cinco anos com Rafael*, 31. "Meu sonho de casar não era o dele e isso acarretou na falta de entusiasmo no namoro", explica a moça sobre o principal motivo para o término. "Contava novidades, e ele respondia com um simples e seco legal", relembra a publicitária.

Como Ana Paula, 20% dos casais no mundo vivem infelizes com suas relações, explica o doutor em psicologia e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Orestes Diniz Neto. "As pessoas se mantêm nas relações pela expectativa do que vai acontecer", afirma.

Diniz Neto aponta que existe um conjunto de fatores para resultar na estabilização e satisfação quando duas pessoas se unem. Para ele, a parceria revela o sentimento de que um pode contar com o outro. Além dessa "segurança afetiva", dentro das "cinco áreas da experiência humana", segundo o professor, os parceiros devem se sentir satisfeitos sexualmente um com o outro. A dedicação amorosa e de carinho também precisa fazer parte da relação. Outros pontos importantes são a compatibilidade de valores e, ainda, de projetos próprios e para o casal - a curto, médio e longo prazos.

Diálogo."Gostamos de nos ouvir", diz Juliana de Oliveira Pena, 25, que namora Frederico Campos Viana, 23, há cinco anos. O casal de engenheiros ambientais acredita que a sinceridade, os princípios e os objetivos em comum resultam na harmonia do relacionamento. "Não escondemos as coisas. Se ela faz algo que me incomoda, resolvo na hora. Não dormimos brigados", conta Frederico.

Planejando formalizar a união quando as "finanças permitirem", eles dizem que a admiração mútua desperta a vontade de ficarem juntos em qualquer situação. "Se ele marcar futebol com amigos e me chamar, vou brincar de gandula", comenta Juliana.

Turbulências. Na visão de Diniz Neto, é inevitável que um casal entre em conflito em algum momento da vida. A garantia para a estabilidade é a "capacidade de negociar e reparar turbulências". "O segredo para um casamento durar é ele acabar e começar várias vezes, em diferentes momentos da vida", diz.

Em um casamento que dura 31 anos e resultou em dois filhos, de 31 e 23, o casal de arquitetos Ângela Pereira Campos de Pinho e Fernando Guimarães Campos de Pinho soube "reformular". A união também na profissão fez com que os dois trabalhassem no mesmo escritório por mais de dez anos. O recomeço veio a partir daí, pois Fernando conta que, para manter a harmonia em casa e não falar sobre trabalho na mesa de jantar, foi preciso separar fisicamente os escritórios.

"Pela internet, a gente pode manter a relação profissional e rendemos de maneira satisfatória, sem interferências pessoais", explica Fernando, que acredita na importância da individualidade. "A liberdade de ter atividades juntas e separadas é uma das coisas que preserva o casamento", diz. "Temos admiração mútua. O projeto bem feito de um dá resultado para toda a família", completa Ângela.

Estilos. A doutora em psicologia e professora da UFMG Luciana Karine de Souza lembra que cada pessoa é diferente para se relacionar. O estilo preocupado, ambivalente, diz, é extremamente ciumento. O indiferente, por sua vez, é uma pessoa desinteressada e emocionalmente distante, que foge de situações de proximidade.

Ela avalia que a parceria saudável é com uma pessoa empática, que fornece apoio emocional e sabe equilibrar suas necessidades com as do parceiro. Para Luciana, para ser bem-sucedido, um casal precisa da "intimidade de um bom amigo, atração e lealdade, fidelidade".

* Nomes fictícios








Quando o término for inevitável, busque apoio
Parceria. Os arquitetos Ângela e Fernando chegaram a comum acordo após separarem escritório

Se, mesmo após tentativas, o relacionamento acabar, a professora Luciana Karine de Souza diz que o apoio social é fundamental. "A pessoa deve buscar uma pessoa de confiança para desabafar. Pode ser mãe, irmã, um bom amigo. É um luto que ela tem que fazer, tirar essa pessoa do seu pensamento, do investimento que foi cortado", orienta.

Segundo ela, é fundamental que alguém que passa por uma desilusão "invista em si e faça resgate das coisas que gosta". Evitar a preocupação para encontrar um novo amor é uma dica. "Sem dar pausa para se conhecer de novo, pode acabar de novo em um relacionamento fraco e com características semelhantes ao anterior", completa.

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