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14 de fevereiro de 2011

O cheiro da ansiedade alheia

Sensação indefinida gera desconforto e, em alguns casos, requer medicação

Preocupação exagerada crônica, tensão, irritabilidade, dificuldade para dormir, agitação, dor de cabeça, tremores, espasmos, tensão muscular e sudorese. Se você tem esses sintomas, juntos ou não, e eles permanecem por mais de seis meses você é um ansioso em potencial e deve procurar ajuda médica.

Entretanto, além desses sintomas clássicos, um grupo de pesquisadores das Universidades de Kiel e de Duesseldorf, na Alemanha descobriu que a ansiedade tem cheiro.

Isso mesmo. São os cheiros sociais que muitas vezes nem percebemos, mas que nosso cérebro registra e é capaz de alterar nossas reações.

Durante o estudo, os pesquisadores pediram a 28 voluntários, tanto homens quanto mulheres, para inalarem, de dentro de um aparelho de ressonância magnética funcional, dois tipos de suor: de doadores que se exercitavam em uma bicicleta ergométrica - e declaravam se sentir alegres - e de doadores que aguardavam o início de uma prova na faculdade e declaravam se sentir bem ansiosos, como seria de se esperar.

Sem frescura. Experiência um tanto nojenta? "Nem tanto", consideram os pesquisadores liderados pela cientista Bettina Pause. "Somente metade das vezes os voluntários detectavam qualquer cheiro na amostra. Mas não era por falta de resposta no cérebro ao suor: detectando ou não um cheiro, a inalação de amostras de suor esportivo ou suor ansioso levava a ativação em regiões envolvidas no processamento emocional. No entanto, a ativação dessas regiões era bem maior em resposta à inalação do suor ansioso", diz a autora.

Como essas regiões estão envolvidas na regulação emocional do comportamento e na empatia, a descoberta indica que os sinais de ansiedade exalados no suor dos outros são, sim, capazes de afetar nosso cérebro e comportamento.

Pelo visto não são somente os animais que detectam o medo dos outros pelo nariz: também fazemos isso, como bons animais que somos.

"O cérebro tem uma área específica para interpretar cheiros que são importantes na constituição dos sabores. Alguns deles só existem quando há preservação do sentido do cheiro. Pacientes que perdem o olfato, como por exemplo, por causa de fratura de base anterior do crânio, tumor ou outra causa, perdem a capacidade de perceber alguns sabores", explica o neurocirurgião Odilon Braz Cardoso.

Alerta. Ansiedade, definem os médicos, é manter sintomas que parecem não ter causa e que são mais intensos do que a situação justificaria.

É um sentimento desagradável, vago, indefinido, que pode vir acompanhado de sensações como frio no estômago, aperto no peito, coração acelerado e tremores, podendo haver também sensação de falta de ar.

Esses sintomas são alertas que fazem com que a pessoa possa se defender e se proteger de ameaças, uma reação natural e necessária para a autopreservação. Luta e fuga, mecanismos saudáveis de sobrevivência.

Nesse contexto, trata-se de uma reação normal, esperada em determinadas situações e, como tal, não precisa ser tratada por ser natural, esperada e autolimitada.

Estatística
15 a 30%
da população sofrem de ansiedade, diz a Organização Mundial da Saúde.


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