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6 de janeiro de 2011

Todo mundo boceja, mas os cientistas não sabem por quê

Ação acontece desde o útero e é mais comum quando há sono
NOVA YORK, EUA. Tanto os seres humanos quanto vários animais bocejam. Entretanto, ninguém ainda conseguiu explicar o motivo para abrirmos a boca de forma involuntária. Começamos quando estamos no útero e continuamos até ficarmos mais velhos. A maioria das espécies de vertebrados, até as aves e os peixes, também boceja, ou pelo menos faz algo bem parecido. Mas os mecanismos psicológicos, o propósito e a utilidade do bocejo para a sobrevivência continuam um mistério.

São várias as teorias - um artigo recente publicado na revista "Resenhas de Neurociência e Biocomportamento" cita algumas. Porém, ainda há escassez de provas experimentais que comprovem o porquê do bocejo. "A falta de evidência experimental, às vezes, é acompanhada de discussão acalorada", disse Adrian Guggisberg, autor principal do artigo.

No século IV, Hipócrates afirmou que o bocejo eliminava o "ar ruim", e aumentava o "ar bom" no cérebro. A visão moderna sobre essa teoria é que o bocejo ajuda a aumentar os níveis de oxigênio no sangue e a diminuir o dióxido de carbono. Se isso fosse verdade, escreve Guggisberg, então as pessoas bocejariam mais quando se exercitam. O fato é que as pessoas com doença cardíaca e pulmonar, que geralmente sofrem de falta de oxigênio, não bocejam com mais frequência do que as outras pessoas.

Pesquisadores expuseram pessoas saudáveis a misturas de gás com níveis altos de dióxido de carbono e descobriram que isso não aumenta o bocejo. Na verdade, não existe estudo que mostre que os níveis de oxigênio no cérebro mudam de alguma maneira através do ato de abrir a boca. Em outras palavras, observação e experimento sugerem que a melhor forma de aumentar os níveis de oxigênio não é esse, mas a respiração rápida.

Sono. Não há dúvida de que o bocejo ocorre com mais frequência antes e depois do sono, e o sentimento subjetivo de sonolência acompanha um aumento do bocejo. Então, talvez, ele ajude a nos manter acordados. Pesquisadores testaram essa hipótese ao induzir o bocejo em voluntários e, depois, analisando sua atividade cerebral com encefalografia enquanto eles bocejavam. O eletroencefalograma, entretanto, não gerou evidências de que o bocejo aumentava a vigilância no cérebro ou no sistema nervoso central.

Alguns pesquisadores sugeriam que acontece o oposto - que o bocejo diminui o estado de alerta e nos ajuda a cair no sono. Mas, embora o bocejo e a sonolência aconteçam juntos, nenhum experimento mostrou uma conexão casual entre os dois.

Outra hipótese é de que o bocejo funciona para a regular o calor corporal. Pesquisadores mostraram que o bocejo contagioso (induzido por vídeos com pessoas bocejando) pode ser reduzido quando uma bolsa gelada é colocada na testa e pode ser aumentado com uma bolsa quente. Mas, segundo Guggisberg, o experimento não controlou outros fatores - uma bolsa morna provavelmente aumenta a sonolência e uma bolsa fria deve aumentar o estado de atenção -, o que impossibilita determinar o efeito da temperatura.


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