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3 de novembro de 2010

Dalai Lama financia pesquisa sobre felicidade e compaixão

Centro investiga se a meditação pode promover a bondade em estudantes


MADISON, EUA. Dizem que dinheiro não compra felicidade. Mas ele pode, pelo menos, financiar pesquisas sobre o assunto.

Na década de 1970, quando o então doutorando em psicologia Richard Davidson disse aos seus orientadores de Harvard que planejava estudar o poder da meditação, os estudiosos se assustaram.

O que escutou não foi muito animador. "Richie, essa não é uma boa maneira de se começar uma carreira científica", disse Davidson, que hoje é neurocientista na Universidade de Wisconsin em Madison.

Mais tarde, um dia, Davidson acabaria encontrando um mentor com um pensamento diferente: o Dalai Lama.

O líder espiritual tibetano recentemente anunciou planos para doar US$ 50 mil ao Centro para a Investigação de Mentes Saudáveis de Madison, um novo laboratório de pesquisa fundado por Davidson que está estudando se a meditação pode promover a compaixão e a bondade.

Estudo. O centro acabou de começar um projeto para ensinar técnicas de meditação a alunos da 5ª série de Madison - concentrando-se em pensamentos caridosos para com entes queridos, estranhos e até inimigos. Depois das crianças passarem para a 6ª série, os pesquisadores comparam seu comportamento com um grupo de controle, utilizando uma variedade de medidas que incluem relatórios dos professores.

"É questão de mudar os hábitos do coração", disse Davidson, 58, que nasceu no Brooklyn, tem cabelos grisalhos, um sorriso cordial e modos gentis que deixa as pessoas bastante tranquilas.
No estudo com crianças, Davidson explicou que escolheu medir os resultados a partir das 5ª e 6ª séries principalmente porque são nesses anos que "muitas coisas ruins começam a acontecer", como o bullying e o abuso de drogas.

Imagens. Davidson, que dá cursos de "conscientização" para adultos há uma década, usa ainda a análise de imagens do cérebro em seu trabalho sobre meditação.

Após alguns meses de experiência, o pesquisador afirma que os primeiros resultados são promissores. Segundo ele, a pesquisa mostrou que a meditação pode mudar os padrões de ondas cerebrais. E, deixando de lado o cientista, ele questiona, empolgado, se não estamos no caminho de, um dia, ensinarmos felicidade nas escolas.

Budista pediu abordagem científica e sofisticada
Madison, EUA. A missão do Centro para a Investigação de Mentes Saudáveis de Madison foi inspirada por um encontro entre o psicólogo Richard Davidson e o Dalai Lama em 1992, no Himalaia.
Na ocasião, o tibetano desafiou Davidson a "usar ferramentas sofisticadas" para "investigar coisas como a bondade e a compaixão". Davidson prometeu ao Dalai Lama que faria todo o possível para "colocar a compaixão no mapa científico".
Os dois se tornaram amigos, encontrando-se duas ou três vezes por ano em Madison e na Índia, onde o Dalai Lama vive em exílio. Davidson usa um cordão vermelho em torno do seu pulso direito que foi dado a ele pelo Dalai Lama como um símbolo da conexão entre eles.
Muito mudou para Davidson desde os dias em que seus orientadores de Harvard o aconselharam a não se preocupar com a meditação. Mas algumas coisas não mudaram. "Todo mundo ainda me chama de Richie", disse ele, "incluindo sua eminência sagrada". (DJ/NYT)

Alma imortal
Perfil. O Dalai Lama é o líder temporal e espiritual do povo do Tibete desde o século XVII. Acredita-se que seja uma reencarnação de Buda com o fim de esclarecer a humanidade. Com a invasão do Tibete pela China, em 1959, o 14º Dalai Lama exilou-se na Índia e tornou-se personalidade mundial. Em 1989, recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

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