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30 de setembro de 2010

Praga de água doce ameaça a maior usina da Cemig em Minas

Molusco gera impactos ambientais e econômicos para o país

Os biólogos Fabiano e Mônica, do Cetec
O mexilhão dourado, uma praga de água doce que invadiu os rios do Brasil e tem trazido muito prejuízo para usinas hidrelétricas do país, está prestes a infectar a primeira usina mineira. A hidrelétrica de São Simão, a maior da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), fica na divisa de Minas com o Estado de Goiás e está na rota do molusco. O grande desafio agora é o de não permitir a entrada dele no local, já que, uma vez instalado, a retirada se torna impossível.

Segundo o biólogo Fabiano Alcísio e Silva, do Centro Tecnológico (Cetec) de Minas Gerais, a presença da espécie em hidrelétricas é negativa porque ela gruda nas canalizações impedindo a passagem da água. "Há hidrelétricas que paravam de seis em seis anos para fazer manutenção na tubulação e que passaram a parar de quatro em quatro meses por causa dos mexilhões. Isso causa um prejuízo enorme para as usinas, o que é repassado para o bolso do consumidor", diz.

A usina Itaipu, que fica na fronteira entre Brasil e Paraguai, é uma das que já sofrem os impactos da praga. Em Minas Gerais, nenhuma foi afetada ainda, mas a de São Simão está bem no caminho por onde o mexilhão está avançando.

De acordo com a analista de meio ambiente da Cemig, Marcela David de Carvalho, não dá para saber quanto tempo falta para que o mexilhão chegue à usina, mas já se sabe que isso vai acontecer. Por essa razão, a companhia já está se preparando para a chegada do organismo. "Como estávamos mais para cima no caminho seguido por ele, deu tempo para nos programar. Estamos fazendo melhorias dentro da usina para facilitar o combate quando ela estiver lá dentro. É uma praga anunciada", afirma.

Marcela explica que, desde que houve o primeiro registro de mexilhão no Brasil, quando chegou a Porto Alegre, a companhia iniciou um trabalho de combate. "Nós trabalhamos no monitoramento e na educação ambiental. Entregamos cartilhas e fazemos blitze educativas nas ruas", afirma.

Silva explica que o mexilhão se movimenta com a ajuda dos barcos, que os carregam por onde passam. Por isso a relevância de trabalhos educativos que mostrem a importância de os navegantes limparem os barcos para evitar o transporte dos moluscos. O biólogo lembra que a espécie não traz apenas prejuízos econômicos, como também ambientais. "Eles competem com os organismos nativos e muitas vezes ganham, o que diminui a diversidade dos nossos rios. Além disso, matam vários peixes que os comem e não conseguem digeri-los", explica.
A bióloga Mônica de Cássia Souza Campos, coordenadora das pesquisas sobre mexilhão do Cetec, ressalta que a grande dificuldade de se lidar com essa espécie é que a presença dela em um rio é algo irreversível. "É uma praga que se multiplica com muita facilidade e não podemos jogar nenhum tipo de substância no rio para combatê-la porque pode intervir naquele sistema e afetar outras espécies", explica.

Para se ter uma noção de como é ágil a reprodução da espécie, de uma pequena larva transportada por um navio, após instalada em um local, podem ser gerados 200 mil novos indivíduos por metro quadrado ocupado. "Depois que a espécie chega ao ambiente, não tem como retirá-la. Ela passa por vários picos de superpopulação", afirma Silva.

Pesquisa de Minas pode ser solução

Um grupo de pesquisadores do Centro Tecnológico (Cetec) de Minas Gerais desenvolveu uma substância para diminuir os impactos dos mexilhões dourados dentro das usinas hidrelétricas. A pesquisa foi tão boa que fez sucesso em uma conferência internacional realizada no início deste mês em San Diego, nos Estados Unidos.

Segundo o biólogo Fabiano Alcísio e Silva, do Cetec, que esteve na conferência, locais como Estados Unidos, Canadá e Europa também sofrem com espécies parecidas e têm prejuízos enormes.

Ele explica que, onde já testaram o novo produto, conseguiram reduzir em 91% a presença de mexilhões. O objetivo é que ele substitua produtos como o cloro, por exemplo, que é usado atualmente. "Ele é menos impactante ao meio ambiente do que o cloro, além de não ser corrosivo", diz.



fonte:Otempo

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