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9 de julho de 2010

Senado aprova lei que proíbe lixões e cria "logística reversa"

Texto depende ainda de sanção do presidente Lula para passar a vigorar

Um dos mais sérios problemas do país - a ausência de regras para o tratamento das 150 mil toneladas de lixo produzidas diariamente nas cidades brasileiras - é o principal alvo de um projeto aprovado na noite de anteontem pelo Plenário do Senado, que cria a Política Nacional de Resíduos Sólidos e que segue agora para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A proposta - que tramitou no Congresso por 19 anos - determina que União, Estados e municípios elaborem planos para tratar de resíduos sólidos, estabelecendo metas e programas de reciclagem. Também proíbe lixões e afirma que cabe às indústrias o descarte de produtos eletrônicos, entre outros.

O sistema, chamado de logística reversa, deverá ser implantado por fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes. Com isso, depois de usados, itens como pilhas, baterias e pneus, além dos produtos eletroeletrônicos e seus componentes, deverão retornar para as empresas, que darão a destinação ambiental adequada.

O texto também destaca a importância de cooperativas ou associações de catadores de materiais reutilizáveis, que podem ser beneficiados com linhas de financiamento público. Pela proposta, embalagens deverão ser fabricadas com materiais que propiciem sua reutilização ou reciclagem. Também ficará proibida a importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos.

Anteontem, o projeto foi aprovado por quatro comissões do Senado e, horas depois, em votação simbólica no plenário da Casa. Em março, havia passado na Câmara dos Deputados, graças a um acordo de líderes. Agora, para virar lei, precisa ser sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O texto final é resultado de um longo debate entre Congresso, governo, empresários e ambientalistas, que começou a tomar forma em 1989. "Vai mudar da noite pro dia? Não, porque é um trabalho de conscientização, em que todos vão estar comprometidos a obedecer a uma legislação", comentou o senador César Borges (PR-BA), relator do projeto em três comissões.

Avanço. Para a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que compareceu ao Senado para acompanhar a votação, os resíduos sólidos são o maior problema ambiental do país. Na avaliação da ministra do Meio Ambiente, o projeto institucionaliza a reciclagem dentro da cadeia produtiva nacional. "É possível reciclar, lucrar, ter estratégias de gestão moderna, ganhar dinheiro com impostos e com tecnologia de equipamentos".

Empresariado também aprova mudanças
Brasília. A aprovação da lei nacional também foi comemorada por empresários ligados ao setor de coleta e destinação do lixo. De acordo com Carlos Roberto Vieira Filho, diretor da Abrelpe, entidade que reúne as empresas de tratamento de resíduos, a aprovação da lei vai combater a informalidade no setor. "Hoje, 43% dos resíduos coletados no país têm destino inadequado. A lei trará a modernização do tratamento do lixo no país", afirma.
Segundo ele, um dos principais avanços que a lei trará é a implementação da logística reversa, especialmente para itens como eletroeletrônicos ao fim de sua vida útil. "A lei coloca o Brasil em uma posição avançada. A logística reversa segue o mesmo princípio das diretivas europeias para lixo eletrônico".
Na avaliação de Fernando Von Zuben, diretor de meio ambiente da fabricante de embalagens Tetra Pak, outro ponto positivo da lei é a criminalização dos lixões, que incentivará investimentos em novas tecnologias para tratar o lixo. "Não teremos mais só aterros, mas também mais coleta seletiva, reciclagem e incineração dos resíduos", diz.

fonte:Otempo

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