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2 de julho de 2010

Bullying virtual alerta escolas

Pais cobram de diretores dos estabelecimentos solução para casos

Educadores dos EUA se dizem despreparados ou desmotivados para lidar com problema

NOVA YORK, EUA. Atualmente, as escolas ficam divididas quanto a lidar ou não com as questões complexas do cyberbullying, rótulo impreciso para as atividades online que variam de mensagens de texto provocantes e ameaçadoras até sites e redes de relacionamento que assediam os alunos sexualmente.

A extensão do fenômeno é difícil de ser quantificada. Mas um estudo de 2010 do Centro de Pesquisa sobre Cyberbullying, fundado por dois criminologistas que definiram o bullying como "mal intencional e repetido" infligido através de telefones e computadores, relata que um em cada cinco estudantes do ensino fundamental nos Estados Unidos é afetado pelo problema.

Afrontados pelo aumento da maldade dos adolescentes na internet, muitos pais estão entrando em contato com as escolas em busca de justiça, proteção e até vingança. Mas muitos educadores se sentem despreparados ou desmotivados a fazerem o papel de acusadores e juízes. Se a resolução desses conflitos deve ser responsabilidade da família, da polícia ou das escolas continua uma questão aberta, que está evoluindo junto com as próprias definições de cyberbullying.

Nos Estados Unidos, porém, os diretores que decidem ajudar seus alunos acuados geralmente enfrentam impedimentos legais e pragmáticos que os desanimam. Segundo a Liga Antidifamação dos Estados Unidos, embora 44 Estados tenham estatutos antibullying, pouco menos da metade oferece instruções sobre se as escolas devem intervir no bullying envolvendo "comunicação eletrônica", que quase sempre ocorre fora da escola e mais frequentemente nos fins de semana, quando as crianças têm mais tempo para se socializar online.

Estudos mostram que o assédio online pode começar até mesmo na quarta série. Chegando ao ensino médio, os alunos predispostos a serem cruéis no ciberespaço estão mais tecnologicamente sofisticados, mais capazes de esconder "as provas". Mas é justamente nessa época que os alunos mais velhos podem ficar mais voláteis.

"No ensino médio, os jovens estão desenvolvendo mais autoconfiança, engajados em atividades extracurriculares e se concentrado no futuro", disse Sameer Hinduja, professor da Universidade Atlântica da Flórida e autor de "Bullying Beyond the Schoolyard" ("Bullying Além do Pátio da Escola").

"Durante o ensino fundamental, a percepção dos colegas dita o valor que eles têm deles próprios. Com as espinhas e corpos em mutação, muitos alunos da sétima série têm dificuldade até mesmo de passar pelas portas das escolas", diz Hinduja.
Caso
Diretor sugere que se `vá imediatamente à polícia´NOVA YORK. Os pais de uma menina, furiosos e com medo, mostraram uma mensagem de texto ao diretor: várias ameaças sexuais explícitas impressionantes enviadas para sua filha na noite do sábado anterior a partir do celular de um menino de 12 anos. As duas crianças estavam na sexta série da Escola Benjamin Franklin de Ensino Fundamental, em Nova Jérsei.

Os pais insistiam para que a escola punisse o menino. “Eu disse: ‘Isso aconteceu fora da escola, em um fim de semana’”, lembra-se o diretor, Tony Orsini. “Não podemos discipliná-lo”.

Orsini sugeriu a polícia. Uma investigação criminal seria lenta e o resultado incerto, concluíram os pais. Eles queriam ação imediata. Em abril, ficou tão difícil resolver esse tipo de disputa na escola que Orsini enviou um e-mail desesperado para os pais. A mensagem foi notícia em todo o país. “Não existe absolutamente nenhum motivo para qualquer aluno fazer parte de uma rede de relacionamento social”, escreveu o diretor. “Se alguma criança for atacada através de sites ou mensagens de texto, vá imediatamente à polícia!”.

No Brasil
Ao menos 17% já foram vítimas

A violência praticada por meios digitais também aparece em número significativo na pesquisa Bullying escolar no Brasil, divulgada em abril passado pela organização não governamental Plan Brasil: 17% dos entrevistados disseram que já sofreram ao menos um tipo de violência desse tipo durante 2009. O grande problema, nesses casos, é que, como o agressor pode agir de forma anônima, o cyberbullying se torna um “fenômeno sem rosto”.

A pesquisa foi realizada com 5.168 estudantes de 5as, 6as, 7as e 8as séries de 25 escolas públicas e particulares nas cinco regiões do país, além de professores, funcionários, diretores e coordenadores de escolas e pais de alunos em 2009.

O número pode ser ainda maior, segundo alerta da pesquisadora Cléo Fante, que ajudou na elaboração do estudo. “Os meios digitais são muito difíceis de se controlar. Não dá para saber exatamente o que acontece, nem mesmo se o agressor é da mesma faixa etária que o agredido (nesse caso, a agressão não seria caracterizada bullying). Além disso, o acesso aos meios digitais cresce todo momento e as pesquisas ficam sempre defasadas”.

O cyberbullying ou bullying virtual consiste em práticas de difamação, humilhação, ridicularização e estigmatização por meio de ferramentas da internet, sendo e-mail, MSN e redes sociais, como Orkut, as mais utilizadas. Assim como nas situações de maus- tratos dentro do ambiente escolar, as vítimas de agressões pela internet não costumam fazer nada ou tentam se defender sozinhas.

fonte:Otempo

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