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18 de abril de 2010

A beleza e suas imperfeições ganham as páginas de revistas

Marie Claire francesa dá voz ao movimento com uma edição sem uso de Photoshop

Depois de duas décadas empinando bumbuns, torneando pernas e rejuvenescendo caras e corpos, o uso excessivo do Photoshop em busca da beleza perfeita começa a ser questionado por fotógrafos, modelos e estilistas. A mais recente prova disso é a edição de abril da revista "Marie Claire" francesa, que chegou às bancas avisando ao leitor que ele iria encontrar nas páginas posteriores imagens "100% sem Photoshop".

Outras revistas francesas também estamparam a realidade em suas páginas. A "Elle", por exemplo, publicou fotos de Monica Bellucci, Eva Herzigova, Sophie Marceau e Lara Lynn sem retoques ou maquiagem.

É difícil acreditar que essas publicações irão abrir mão do tratamento de suas imagens, mas o questionamento lançado pelo fotógrafo alemão Peter Lindbergh sobre o atual padrão de beleza pode, ao menos, levar a uma discussão sobre a beleza inatingível. "A alteração das imagens teve um peso muito grande na forma como definimos visualmente as mulheres. Retoques excessivos não devem representar a mulher neste século", sentenciou em entrevista ao jornal norte-americano "The New York Times", defendendo as "mulheres reais".

No Brasil, a única experiência semelhante não está nas páginas de nenhuma revista de moda, mas do semanário "Época", que produziu um ensaio com Isabeli Fontana, Raquel Zimmermann, Raica Oliveira e Luiza Brunet sem retoque algum e sem maquiagem.

José Fujocka, fotógrafo de moda, publicidade e editorial, é fundador da Fujocka Photodesign e tem como clientes "Vogue", "Contigo", "Marie Claire", Zeferino, Miele, Cris Barros e Melissa, entre publicações e grandes marcas de moda. Para ele, a manipulação de imagem chegou a um limite.

"Nos últimos anos, tivemos muitos exageros nos retoques das fotos, principalmente nos editoriais sobre estética do corpo. Na publicidade e na moda, seu uso já está mais moderado. Este momento de ‘gente de verdade’ na fotografia é um diferencial a tudo que vinha sendo feito. Por isso, acabou se transformando num movimento crescente", opina.

Além de fotógrafo respeitado, Fujoca é um dos feras do Photoshop, utilizando-o não apenas para tratar as imperfeições humanas, mas para criar universos paralelos em seus ensaios fotográficos. "Só é preciso ter bom senso. Podemos usar essa ferramenta como um complemento na produção, para deixar a modelo mais bonita, sem precisar virar uma boneca, sem joelhos e cotovelo", opina.

Para o fotógrafo, os editores brasileiros terão que repensar as suas imagens e as mentiras que elas comportam. "Se quiser estar alinhado com o que está acontecendo, terá que bancar essa proposta. Se estamos no caminho para uma imagem mais natural, acaba sendo algo que não choca. O problema seria sair sem retoque numa revista em que todas as outras fotos estão muito retocadas. Seria um disparate. Mas as pessoas vão se acostumando aos poucos a uma imagem mais real".

Com gente bonita é fácil. A redatora-chefe da "Marie Claire" brasileira, Carla Gulo, não tem tanta certeza e acha que a revista tem um lado, sim, de fantasia. "A revista não é uma realidade nua e crua, ela tem uma coisa de sonho. Não sou a favor nem de 0% de Photoshop nem de 100%. Houve abuso em algumas capas, mas acho que é uma ferramenta importante", diz. O que ela achou da edição francesa? "Não senti tanta diferença porque eram pessoas bonitas. Ali era todo mundo bonito, magro, tinha um defeitinho ou outro, mas nada que incomodasse o leitor", opina a jornalista.

Carla também defende as revistas femininas da acusação de que a manipulação de imagens vende uma mentira perigosa, que pode levar as mulheres a buscarem um padrão de beleza inalcançável e a se arriscarem em procedimentos estéticos de toda ordem.

"A busca pela beleza das celebridades sempre existiu, com ou sem Photoshop. Antes, a gente corrigia no fotolito. Ninguém quer ser feia, acima do peso. O público tem uma coisa idealizada. Se não for buscar na revista, vai ser na televisão, na internet. A mídia é só um reflexo", afirma.



fonte:Otempo

2 comentários:

Roniel A. Julio disse...

Amigo Ewerton, eu só posso dizer que além da sua excelente postagem, devemos dar um Viva ao Photoshop... rsss Abraços. Roniel.

Anônimo disse...

Acho que o uso desenfreado do photoshop só serve para deixar as meninas anoréxicas, as mulheres depressivas;é claro que gosto do que é belo, mas tb sou a favor do que é natural.
Bjos
Cecil