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6 de dezembro de 2009

De quem é a culpa pelo clima?

Centenas de chefes de Estado estarão reunidos na Dinamarca

Amanhã, dia 7 de dezembro, em Copenhage, na Dinamarca, uma verdadeira "babel" de nacionalidades dará início ao evento que promete ser a maior e mais importante reunião para discutir o aquecimento global desde que o tema entrou oficialmente na pauta internacional, durante a Rio 92.

Trata-se da 15ª Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima das Nações Unidas, que é chamada, de maneira resumida, pelos participantes, de 15ª Conferência das Partes (COP 15).
São esperadas cerca de 60 mil pessoas, entre elas, o maior número de chefes de Estado já visto numa conferência cujo tema é ambiental.

Geralmente, para esse tipo de assunto, eles enviam representantes. "Se não fosse a imprensa, Obama e Lula não iriam", explica o professor de pós-graduação da área de gestão de projetos ambientais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) Thiago de Araújo Mendes.

Apesar da observação, Mendes não tira a importância do evento e considera o próprio interesse da mídia um dos resultados positivos das dezenas de encontros sobre o clima já realizados. "Um dos principais ganhos foi a conscientização da sociedade sobre o tema. Hoje a questão climática está na boca de todas as pessoas, até das menos escolarizadas. Isso é importante para pressionar as decisões dos governantes", explica.

Longe de um acordo. Apesar de ser o 15º encontro, há poucos resultados concretos até o momento. A meta estipulada em Kyoto, no Japão, durante a COP 3 (ver linha do tempo abaixo), que definiu que os países industrializados (cuja lista foi chamada de Países do Anexo 1) deveriam reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa em 5,2% até 2012, ainda está em fase de implantação pela maioria. E um dos países - os Estados Unidos - até hoje nem assinou o acordo.

Recomeço. Por isso, em Copenhage é esperado que se rediscutam as metas do Protocolo de Kyoto - que foram traçadas inicialmente somente para os países desenvolvidos, principais emissores dos gases causadores do efeito estufa - e se inclua também no novo acordo as responsabilidades dos países em desenvolvimento.

"Os países em desenvolvimento estão organizados no G77. Entretanto, apesar de formarem um único grupo, estão longe de pensar da mesma forma. O primeiro desafio será conseguir um consenso entre eles, para depois negociar com os países desenvolvidos", explica o professor. Isso porque dentro do grupo há países como China, Índia e Brasil, que querem continuar seu desenvolvimento. Há outros como a Arábia Saudita, que se tiverem uma queda em suas vendas de petróleo passarão por sérias dificuldades econômicas, já que esse combustível fóssil é sua principal riqueza.

Há ainda, dentro do G77, algumas nações para as quais o aquecimento global é uma questão de vida ou morte, como os países insulares, entre eles, as ilhas Samoa. "Quando o nível do mar subir, eles irão desaparecer. Por outro lado, países como a Índia, por exemplo, lutam com problemas básicos. Ela ainda tem cerca de 800 milhões de pessoas sem energia elétrica em casa", alerta Mendes.

Problema de quem? Além da dificuldade de um consenso dentro do bloco dos países em desenvolvimento, há ainda uma queda de braço entre eles e os países ricos.

Para Mendes, os pobres têm razão quando dizem que os ricos estão há mais tempo emitindo gases. "O efeito estufa é cumulativo e está acontecendo desde a revolução industrial, portanto, Inglaterra e Estados Unidos estão há mais de um século contribuindo para o aumento da temperatura do planeta".

Para o jornalista e especialista em questões ambientais Washington Novaes, "ninguém abrirá o jogo antes da última hora. O Brasil sinaliza com uma meta voluntária de redução na emissão de gases de cerca de 36% sobre o que ele deverá estar emitindo em 2020. Mas vai esperar a decisão do G77 para se pronunciar".

Segundo o jornalista, 75% das emissões brasileiras são originadas pelo desmatamento e queimadas a ele associadas. Desse montante, 60% vem da destruição da Amazônia.

Para os especialistas em meio ambiente, o grande desafio é a substituição da matriz energética. "Os Estados Unidos são movidos quase que somente a carvão mineral. Assim, um norte-americano agride o meio ambiente 26 vezes mais do que um indiano", conclui Mendes.

fonte:Otempo








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