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8 de novembro de 2009

A ilusão totalitária

Poucos homens públicos reúnem hoje no Brasil as condições morais para se manifestar criticamente sobre o atual governo, chamando a atenção da sociedade para os perigosos rumos que ele vem tomando. Um é o ex-presidente Itamar Franco. Outro, o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Pois foi o que fez, agora, este último, por meio de um artigo publicado nos jornais "O Globo" e "O Estado de S. Paulo", no qual denuncia o esquema de poder que vem se instalando no Estado através de uma aliança entre políticos, partidos, sindicatos, movimentos sociais, fundos de pensão e empresas.

A pretexto de abrir o Estado à participação de diferentes segmentos sociais, a legitimidade que a democracia confere ao governante é utilizada para se apoderar do Estado e obter a hegemonia no poder. O passo seguinte é se manter indefinidamente no poder, utilizando todos os meios possíveis e impossíveis.

Trata-se de um processo que, ao contrário do que querem nos fazer crer, nada tem de novo. A aproximação com os regimes soviético e, mais perto de nós, cubano, não é gratuita. A identificação de um partido e de seu líder com o próprio Estado é uma construção que leva, inevitavelmente, à sujeição de todos ao regime.

FHC alerta para esse perigo, do qual não escapam nem intelectuais nem empresários. Estes últimos aderem sempre a qualquer regime que lhes proporcione ganhos. A aspiração de permanência é uma ilusão totalitária. O poder é, essencialmente, transitório. Por isso, só há estabilidade quando há alternância no poder.

Está provado historicamente que também entre nós não há melhor regime do que a democracia - o que melhor reflete a complexidade e pluralidade da nossa sociedade. Pretender controlar o Estado e, através dele, a sociedade tem sempre efeitos desastrosos, deixando atrás um rastro de violência e infelicidade.

O Brasil precisa ser de fato um Brasil de todos, não apenas de alguns mais espertos.

fonte:Otempo

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