
A adaptação para o cinema virou "Adorável Avarento", filme que conta a história de um velhinho tinhoso e arredio, apegado ao dinheiro, que abomina totalmente a festa do Natal. Um velho sovina e endinheirado que maltrata o empregado, fala mal de todos os seus vizinhos e cobra juros abusivos dos seus credores.
Impossível não se lembrar do impagável personagem de Ary Fontoura, o seu Nonô Correa, na novela "Amor com Amor se Paga", um velho muito pão-duro e que fazia da vida da família um verdadeiro inferno com sua avareza, chegando ao ponto de colocar cadeado na geladeira, guardar o resto da comida para o dia seguinte, desligar a luz algumas vezes por semana e por ai vai. O personagem caiu tanto no gosto popular que qualquer pessoa que tivesse alguma atitude de avareza era logo apelidada de seu Nonô.
O personagem de Ary Fontoura foi inspirado no "Avarento" de Molière (1668), Harpagon, que quanto mais rico ficava, mais mesquinho se tornava e mais fazia sofrer seus filhos, o jovem Cléante, apaixonado por Mariane, moça pobre. Além das brigas com os filhos, Harpagon tinha outros motivos para se inquietar: enterrou em seu jardim uma caixa com dez mil escudos de ouro e era constantemente perseguido pela ideia de que sua fortuna seria roubada.
Todos nós conhecemos um "seu Nonô" na vida, mas o avarento nunca se considera um. Prefere dizer que é cuidadoso com o seu patrimônio, precavido, que pensa e se preocupa com o dia de amanhã, que é contra o desperdício, que na natureza tudo pode ser reutilizado e, por isso, guarda tralhas de toda natureza.
"O avarento tem medo de perder algo que possui e considera essa possibilidade um desastre. Na visão religiosa, a avareza é também entendida como ganância porque quanto mais a pessoa tem, mais ela quer. E não abre mão da posse. Ele é um desconfiado, pensa que todo mundo que se aproxima dele tem algum tipo de interesse e, por isso, retém", ensina a psicanalista Mara Viana de Castro Sternick.
Freud, o pai da psicanálise, defendia uma relação entre fezes e dinheiro. Para ele essa equação tem a ver com o período da fase anal e o interesse espontâneo pelo dinheiro. Quando termina o interesse erótico original na defecação, entra o interesse pelo dinheiro, que não existia na infância.
fonte:Otempo
0 comentários:
Postar um comentário