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15 de novembro de 2009

Avareza, medo de perder tudo

Quanto mais acumula, mais o avarento deseja possuir e guardar

Quem não se divertiu com as peripécias do pato mais rico do mundo, o Tio Patinhas, junto aos seus três sobrinhos netos, Huguinho, Zezinho e Luisinho? O pato era sovina, milionário e vivia aprontando. Tio Patinhas foi criado, em 1947, por um dos mais importantes cartunistas da Disney, Carl Barks, que se inspirou no personagem literário "Ebenezer Scrooge", da história "Canção de Natal", de Charles Dickens.

A adaptação para o cinema virou "Adorável Avarento", filme que conta a história de um velhinho tinhoso e arredio, apegado ao dinheiro, que abomina totalmente a festa do Natal. Um velho sovina e endinheirado que maltrata o empregado, fala mal de todos os seus vizinhos e cobra juros abusivos dos seus credores.

Impossível não se lembrar do impagável personagem de Ary Fontoura, o seu Nonô Correa, na novela "Amor com Amor se Paga", um velho muito pão-duro e que fazia da vida da família um verdadeiro inferno com sua avareza, chegando ao ponto de colocar cadeado na geladeira, guardar o resto da comida para o dia seguinte, desligar a luz algumas vezes por semana e por ai vai. O personagem caiu tanto no gosto popular que qualquer pessoa que tivesse alguma atitude de avareza era logo apelidada de seu Nonô.

O personagem de Ary Fontoura foi inspirado no "Avarento" de Molière (1668), Harpagon, que quanto mais rico ficava, mais mesquinho se tornava e mais fazia sofrer seus filhos, o jovem Cléante, apaixonado por Mariane, moça pobre. Além das brigas com os filhos, Harpagon tinha outros motivos para se inquietar: enterrou em seu jardim uma caixa com dez mil escudos de ouro e era constantemente perseguido pela ideia de que sua fortuna seria roubada.

Todos nós conhecemos um "seu Nonô" na vida, mas o avarento nunca se considera um. Prefere dizer que é cuidadoso com o seu patrimônio, precavido, que pensa e se preocupa com o dia de amanhã, que é contra o desperdício, que na natureza tudo pode ser reutilizado e, por isso, guarda tralhas de toda natureza.

"O avarento tem medo de perder algo que possui e considera essa possibilidade um desastre. Na visão religiosa, a avareza é também entendida como ganância porque quanto mais a pessoa tem, mais ela quer. E não abre mão da posse. Ele é um desconfiado, pensa que todo mundo que se aproxima dele tem algum tipo de interesse e, por isso, retém", ensina a psicanalista Mara Viana de Castro Sternick.

Freud, o pai da psicanálise, defendia uma relação entre fezes e dinheiro. Para ele essa equação tem a ver com o período da fase anal e o interesse espontâneo pelo dinheiro. Quando termina o interesse erótico original na defecação, entra o interesse pelo dinheiro, que não existia na infância.

fonte:Otempo

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