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6 de maio de 2011

Letras dos sucessos populares revelam egoísmo crescente

Celebridade. A cantora norte-americana Beyoncé exultou sua sensualidade com versos como "você me observa maravilhado"

Análise de 30 anos do pop dos EUA diz que jovens ficaram mais exibidos

NOVA YORK, EUA. Após uma análise de três décadas de músicas de sucesso, um grupo de psicólogos da Universidade do Kentucky relata que descobriu uma tendência estatisticamente significativa rumo ao narcisismo e a hostilidade na música popular norte-americana. As palavras "eu", "me" e "mim" aparecem com mais frequência junto a palavras relacionadas a raiva. Ao mesmo tempo, notou-se uma queda no uso de "nós", "nos" e expressões de emoções positivas.

"Atualmente, os adolescentes e universitários mais jovens gostam mais de si próprios do que acontecia antigamente", disse Nathan DeWall, que lidera o grupo de psicólogos. O estudo analisou letras de canções de 1980 a 2007 e controlou o gênero musical para evitar que os resultados fossem distorcidos, por exemplo, pelo crescimento da popularidade de ritmos como rap e hip hop a partir dos anos 1990.

Definir a personalidade de uma geração com letras de músicas pode parecer um pouco exagerado, mas DeWall destaca uma pesquisa realizada por seus coautores que mostrou que pessoas da mesma idade obtiveram pontuações mais altas em medidas de narcisismo em alguns testes de perfil psicológico. A extensão e o significado dessa tendência foram amplamente debatidos por psicólogos, alguns dos quais questionam a utilidade dos testes e dizem que os jovens de hoje não são mais egocêntricos do que os das gerações anteriores.


Transformação. O novo estudo sobre letras de músicas certamente não encerrará o debate, mas ele oferece mais uma forma de avaliar o egocentrismo: a lista Billboard das cem músicas mais ouvidas. Os pesquisadores descobriram que canções de sucesso nos anos 1980 eram mais prováveis de enfatizar uma reunião feliz, como a harmonia racial buscada por Paul McCartney e Stevie Wonder em "Ebony and Ivory" (Ébano e Marfim) e a exuberância de um grupo promovida por Kool & the Gang: "Let’s all Celebrate and Have a Good Time" (Vamos Todos Celebrar e Nos Divertir). Diana Ross e Lionel Richie cantaram "two hearts that beat as one" (dois corações que batem com um só), e a canção "(Just Like) Starting Over" ([COMO SE]Começássemos de Novo), de John Lennon, enfatizou a preciosidade da "nossa vida juntos".

As músicas de hoje, segundo a análise linguística dos pesquisadores, são mais prováveis de falar sobre uma única pessoa especial: o cantor. "I’m bringing sexy back" (Eu vou trazer a sensualidade de volta), proclamou Justin Timberlake em 2006. No ano anterior, Beyoncé exultou como ela parecia "hot" (gostosa) enquanto dançava - "It’s blazin’, you watch me in amazement" (Está pegando fogo, você me observa maravilhado). E Fergie, que se gabou das suas "humps" (curvas) enquanto cantava pelo Black Eyed Peas, depois lançou um disco solo no qual ela dizia ao seu amado que ela precisava de um tempo de qualidade sozinha: "It’s personal, myself and I" (É pessoal, eu e eu mesma).

Juventude egocêntrica. Dois dos coautores de DeWall, Keith Campbell e Jean Twenge, publicaram um livro em 2009 intitulado "The Narcissism Epidemic" (A Epidemia de Narcisismo). A obra argumenta que o narcisismo é cada vez mais prevalecente entre os jovens - e possivelmente entre as pessoas de meia idade também, embora seja difícil alguém detectar isso, pois a maior parte dos dados disponíveis vem de universitários.

Por várias décadas, estudantes preencheram questionários chamados de Inventário de Personalidade Narcisista, nos quais eles tinham que escolher entre duas afirmações como "Eu tento não ser um exibido" e "Eu sempre vou me exibir se eu tiver a chance". O nível de narcisismo medido por esses questionário aumentou desde o início dos anos 1980, segundo uma análise de dados realizada por Campbell e Jean.

Essa tendência foi questionada por outros pesquisadores que publicaram dados novos de outros estudantes. Mas, na última rodada do debate, os dados dos críticos foram reanalisados por Jean, que afirmou que, na verdade, estes sustentam o argumento.


Música de hoje fala menos de amor e mais de ódio e morte

O cantor inglês John Lennon destaca a união e a vida a dois

NOVA YORK. Em um estudo publicado no ano passado na revista norte-americana "Ciência de Personalidade e Psicologia Social", Jean Twenge e Joshua Foster analisaram dados de 50 mil estudantes incluindo os novos dados reunidos por críticos  e concluíram que o narcisismo aumentou significativamente nas últimas três décadas.

Durante esse período, também houve constatação de níveis mais altos de solidão e depressão  o que pode não ser coincidência, segundo os autores do estudo sobre letras de músicas. Os pesquisadores, incluindo Richard Pond da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, destacam que o narcisismo no estudo tem ligação com um aumento do sentimento de raiva e problemas para se manter um relacionamento.

A análise mostra uma queda no uso de palavras ligadas a conexões sociais e emoções positivas (como "amor" ou "querido") e um aumento em palavras relacionadas a raiva e comportamento antissocial (como "ódio" ou "matar"). "Nas letras do início dos anos 1980, o amor era fácil e positivo e acerca de duas pessoas", disse Jean, que é psicóloga na Universidade Estadual de San Diego. "Já as músicas recentes são sobre o que o indivíduo quer e sobre como ele ou ela está desapontado ou ofendido".



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