Você se voluntaria para as mais diversas tarefas? Está sempre  disposto a ajudar? Pensa sempre como se antecipar às necessidades do  negócio? Se a resposta for "sim", tome cuidado.Um estudo  recente realizado pelos pesquisadores americanos Craig Parks, da  Universidade Estadual de Washington, e Asako Stone, do Instituto de  Pesquisa do Deserto de Nevada, concluiu que profissionais excessivamente  disponíveis podem irritar colegas a ponto de causar aversão.
Intitulado O Desejo de Expulsar Membros Altruístas do Grupo  (The Desire to Expel Unselfi sh People from the Group), o estudo revela  que pessoas generosas demais podem ser mal interpretadas e fazer com  que seus colegas se sintam inferiorizados perante um desempenho mais  virtuoso.
A reação desses colegas pode ser puxar a pessoa  para baixo ou marginalizar o profissional. Ou seja, uma atitude  teoricamente positiva — a generosidade — pode acabar sendo prejudicial  ao desempenho do indivíduo no ambiente de trabalho.
A raiz  do problema é que o excesso de disposição acaba por gerar descarreira  confiança dentro de um grupo. O profissional que está sempre cedendo,  que é muito altruísta, pode passar a sensação de que quer alguma coisa  em troca, voluntária ou involuntariamente.
“Pode parecer  que a pessoa é generosa com segundas intenções, com o desejo de crescer  mais rápido”, diz Débora Dado, gerente de desenvolvimento de pessoas da  Visa Vale, empresa de benefícios, em Barueri, na Grande São Paulo.
O  efeito prejudicial para a carreira é que as pessoas se afastam de quem  abusa da disposição em ajudar. "O profissional passa a ter dificuldade  para trabalhar em equipe", diz Gilberto Martelli, diretor de recursos  humanos e vice-presidente da Marsh Brasil, empresa de serviços na área  de seguros, de São Paulo.
Em geral, esse comportamento pega mal entre os colegas quando é  destinado apenas ao chefe ou a algum superior que pode ter influência na  promoção do profissional. Se as manifestações de generosidade e  disposição são dirigidas igualmente a pares e subordinados, a reação do  grupo tende a ser mais justa.
"Qualquer comportamento que  contenha um quê de exagero pode causar implicações no relacionamento de  um profissional com seu grupo", diz Karin Parodi, presidente da  consultoria Career Center.
Mas como ajustar essa atitude de  forma a não tolher um espírito com iniciativa? Para começar, se você  quer ajudar uma pessoa, pergunte educadamente se ela quer sua ajuda.
Segundo  Maíra Habimorad, diretora da consultoria grupo DMRH, também é  importante observar o comportamento dos colegas: eles resistem em  compartilhar trabalhos com você? Você é sempre um dos últimos a ir  embora? Verifique sinais como esses, que indicam que as tarefas não  estão sendo divididas com coerência.
Quando quiser ajudar,  procure diferenciar generosidade de proatividade, essa, sim, uma  qualidade importante no trabalho. "São coisas diferentes", adverte o  psicólogo e consultor de carreira, Cristiano Amorim, da consultoria  Fellipelli, de São Paulo. "Ser proativo não está ligado a atender outra  pessoa, como a generosidade", explica o consultor.
Num  comportamento proativo, você exercita um olhar para o mercado e para a  empresa e se antecipa. "Enxergar uma oportunidade de negócio e  desenvolvê-la é uma atitude positiva", diz Cristiano. Deixe claro que  sua intenção é contribuir para o negócio, e não se destacar  individualmente apenas. Não espere reconhecimento por isso. Se alguma  coisa vier, ponto para você.
Como foi feito o estudo
Para demonstrar  que generosidade em excesso atrapalha, os pesquisadores convidaram  estudantes para participar de jogos por computador. O programa mostrava  aos participantes que todos os jogadores contribuíam para o grupo,  exceto um deles, que era falso. Numa segunda rodada, um jogador falso  comportava-se com extrema generosidade.
Após o fim dos  jogos, os pesquisadores perguntaram aos estudantes com quem eles não  gostariam mais de jogar. O egoísta foi o escolhido. Mas os cientistas  notaram que os estudantes também desenvolveram antipatia pelo jogador  generoso, o que gerou uma nova pesquisa, para estudar o altruísta.
Conclusão:  diante de um generoso, os participantes estavam avaliando a própria  reputação em relação à atitude de outros jogadores. E sentiram que,  comparado ao do altruísta, o comportamento deles havia deixado a  desejar, o que os magoava e os deixava na defensiva.
Checklist do generoso
Para saber se você está exagerando na disposição, analise seu comportamento:
-  Leia o ambiente: é preciso compreender os verdadeiros valores em jogo  no ambiente de trabalho. Confira se você não está contrariando códigos  hierárquicos. Quebrar limites é uma atitude importante, mas nas ocasiões  certas.
- Cheque a empatia: coloque-se no lugar das  pessoas e veja se realmente elas estão interessadas na sua ajuda.  Verifique se você não está forçando a barra.
- Pergunte aos  outros: se você desconfia que os colegas estão reagindo de um modo  estranho na sua presença, peça feedback e comece a refletir sobre as  características de sua própria personalidade.
14 de fevereiro de 2011
Generosidade demais vira problema no trabalho
Postado por
Ewerton
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segunda-feira, fevereiro 14, 2011
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