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26 de janeiro de 2011

Depressão atinge 1/3 das grávidas atendidaspelo sistema público

Um terço das gestantes atendidas na rede pública de saúde sofre com sintomas de ansiedade e depressão, segundo estudo realizado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e publicado no "Journal of Psychosomatic Obstetrics & Gynecology".

Apesar de reforçar a necessidade de tratar o problema, o trabalho sugere que ansiedade e depressão não interferem no peso com que a criança nasce ou na ocorrência de partos prematuros, ao contrário do que outros pesquisadores já sugeriram.

A prevalência de transtornos mentais como ansiedade e depressão foi de 33%. Entre as mulheres que apresentavam os sintomas, apenas 7,6% dos bebês nasceram com baixo peso (menos de 2,5 kg) e 6,9% tiveram parto prematuro (antes da 37ª semana), valores não muito diferentes dos encontrados entre as grávidas sem sintomas dos problemas.

O coordenador do estudo, o ginecologista Alexandre Faisal, explica que é controversa a relação desse tipo de transtorno na gravidez e complicações no parto ou baixo peso ao nascer: alguns estudos indicam que há interferência, enquanto outros dizem que não. "Uma revisão recente de diversos estudos defende a associação, mas, ao mesmo tempo, diz que ela é modesta e que depende de contextos socioeconômicos (ou seja, do grau de desenvolvimento da população estudada)", explica.

Relações. Os fatores que mais predispõem a gestante a apresentar sintomas ansiosos e depressivos são baixo nível socioeconômico, conflitos conjugais, falta de suporte social, histórico pessoal e familiar de depressão ou outro problema psiquiátrico, e ausência de planejamento da gravidez.

Ainda que o problema não interfira tanto na saúde do bebê que vai nascer, Faisal alerta que deixar de tratá-lo na gravidez pode trazer consequências para a criança no futuro.
Gestantes deprimidas ou ansiosas têm maior risco de sofrer depressão pós-parto, o que prejudica o desempenho da mãe em um momento crítico do bebê.

O tratamento da depressão durante a gravidez pode envolver o uso de medicamentos, mas de forma criteriosa. Alguns trabalhos associam alguns tipos de antidepressivos a malformações fetais, por isso os médicos costumam avaliar muito bem o custo-benefício da terapia.

Prevenção
Planejar a hora para engravidar ajuda a evitar doenças psicológicas

A ginecologista e obstetra Rafaela Scheffer, que realiza pré-natal há quase dez anos na rede pública e atende em dois postos de saúde em Betim e Contagem atualmente, afirma não ver muitos casos de depressão e ansiedade exagerada na rede pública. "Quando acontecem, estão mais relacionados à ausência de planejamento da gravidez", acrescenta.

A médica acredita que a ansiedade é mais comum que a depressão, principalmente porque muitas gestantes não têm como pagar por alguns exames solicitados, já que alguns não são disponíveis na rede pública.

Ainda assim, Rafaela ressalta que é muito raro a ansiedade interferir no peso da criança: "Na gravidez, quem às vezes fica desnutrida é a mãe, a não ser em estágios extremos, bem difíceis de ocorrer". Segundo ela, isso acontece mais nos últimos meses da gestação.

A médica sugere que a gravidez seja planejada para que aconteça com suporte financeiro muito bom e conte com o apoio familiar.

Outra dica da médica para evitar ansiedade e depressão é que a grávida pratique atividade física, que aumenta a produção de endorfina e traz muito bem-estar. "O ideal é atividade de baixo impacto ou mesmo ao ar livre. Mas, algumas vezes, é preciso procurar apoio psicológico e até psiquiátrico, que existem na rede pública inclusive", finaliza.

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