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29 de outubro de 2010

Linguagem infantil começa no balbucio de sons sem sentido

NOVA YORK, EUA. Como pediatra, sempre questiono sobre o balbucio. "O bebê está emitindo sons?", pergunto aos pais de crianças de 4, 6 e 9 meses. A resposta raramente é "não". Mas, se for o caso, é importante descobrir o que está acontecendo. Se um bebê não estiver balbuciando normalmente, algo pode estar interrompendo o que deveria ser um processo importante.

O motivo pode ser que os pais não estão falando um número suficiente de palavras para o bebê, ou algum problema está evitando que a criança ouça o que foi dito ou processe essas palavras. Pode haver algo de errado na casa, na audição ou, talvez, no cérebro.

O balbucio está cada vez mais sendo entendido como um precursor essencial da fala, e como um previsor importante tanto do desenvolvimento cognitivo quanto socioemocional. E a pesquisa brinca com os componentes fonéticos do balbucio, junto com a interação dos fatores neurológicos, cognitivos e sociais.

Igual. A primeira coisa a se notar acerca do balbucio é também a primeira coisa que os cientistas notaram: os bebês balbuciam de formas similares. Durante o segundo ano de vida, eles transformam seus sons em palavras dos seus idiomas nativos. A palavra "balbuciar" é tanto significativa quanto representativa - sílabas repetitivas, brincando com as mesmas consoantes cruciais.

Algumas das novas pesquisas mais empolgantes, segundo Kimbrough Oller, professor de audiologia e patologia da fala-linguagem na Universidade de Memphis, analisam os sons que os bebês fazem nos primeiros seis meses de vida, quando eles "fazem sons estridentes, resmungam e produzem sons repetitivos".

Esses sons são as fundações da linguagem que se formará mais tarde. Esses balbucios figuram em todos os tipos de interação social e nas brincadeiras entre pais e bebês - mas não envolvem sílabas formadas, ou qualquer coisa que soe como palavras.

"Ao passarem dos 6 meses de idade, os bebês começam a produzir balbucios canônicos, sílabas bem formadas", disse Oller, referindo-se às chamadas sílabas canônicas, em que as letras aparecem na ordem consoante-vogal. Isto é, quando o bebê diz algo como "ba ba ba", o pai ou mãe pode ver isso como uma tentativa de dar nome a alguma coisa e podem propor uma palavra em resposta.

Na maioria das vezes, eu pergunto aos pais: "Ele faz ruídos? Parece que ele está querendo falar?" E, na maior parte do tempo, os pais balançam a cabeça e sorriem, reconhecendo as vozes do bebê que se tornaram parte da conversação da família.

Questionamento. Mas a nova pesquisa sugere uma linha mais detalhada de questionamentos: Mais ou menos aos 7 meses, será que os sons se desenvolveram em balbucio canônico, incluindo vogais e consoantes? Os bebês que continuam vocalizando sem muitas consoantes, fazendo apenas sons "aaa" e "ooo", não estão praticando os sons que levarão à formação de palavras e nem realizando os exercícios dos músculos bucais que são necessários para se entender a linguagem prestes a surgir.

"Um bebê ouve todas essas coisas e consegue diferenciá-las antes de conseguir produzi-las", disse Carol Stoel-Gammon, professora de ciências da fala e audição na Universidade de Washington. "Para produzir um `m´, você tem que fechar a boca e o ar tem que sair do nariz. Não é que a pronúncia esteja no seu cérebro em algum lugar - é preciso aprendê-la".

As consoantes no balbucio significam que o bebê está praticando, moldando sons ao aprender a manobrar a boca e a língua, e ouvindo os resultados. "Eles chegam nesse ponto aos 12 meses", continua Carol. "Para mim, o motivo que eles chegam lá é por que eles compreenderam os movimentos motores orais que diferenciam um `b´ de um `m´".

Os bebês têm que ouvir a linguagem de pessoas reais para aprender essas habilidades. A televisão não faz isso, e tampouco vídeos educativos: Uma pesquisa recente sugere que esse aprendizado é, em parte, moldado pela qualidade e contexto das respostas dos adultos.

Resposta social
Estudo. Michael Goldstein, professor de psicologia da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, realizou experimentos mostrando que os bebês aprendem melhor com estimulação dos pais - adquirindo novos sons e novos padrões de sons, por exemplo - se os pais fornecerem essa estimulação especificamente em resposta ao balbucio do bebê.
Análise. "No momento do balbucio, os bebês parecem estar preparados para adquirir mais informação", disse o cientista.
"É questão de criar uma interação social onde agora você pode aprender coisas novas".

Participação

Atenção na hora de aprender

NOVA YORK. Estudo publicado neste ano analisou como os bebês aprendem os nomes de objetos novos. Novamente, falar as palavras do vocabulário novo em resposta às próprias vocalizações dos bebês fazia com que os bebês aprendessem melhor os nomes.

Os pesquisadores argumentam que as vocalizações de um bebê assinalam um estado de atenção concentrada, uma prontidão a aprender linguagem. Quando os pais respondem ao balbucio dizendo o nome do objeto na mão, as crianças são mais prováveis de aprender palavras novas. Então, se um bebê olha para uma maçã e diz "ba ba", é melhor responder dizendo o nome "maçã" do que tentar adivinhação como, por exemplo, "Você quer sua mamadeira?"

"Os bebês tendem a emitir balbucios quando estão em um estado no qual estão prontos para aprender informação nova, eles estão empolgados, estão interessados", diz o psicólogo Michael Goldstein. "Quando os bebês estão interessados em alguma coisa, eles tendem a franzir a testa ou levantar a sobrancelha. Os pais devem entender que o balbucio pode ser uma versão acústica da elevação das sobrancelhas".

Nos consultórios, os médicos vêm essa combinação experimental essencial entre o bebê e o pai ou mãe. É uma oportunidade de conferir o progresso da criança na formação dos sons, mas também uma oportunidade de ajudar os pais a responderem ao interesse do filho em aprender como dar nome o mundo - um impulso humano universal expressado nas sílabas canônicas de um universo sonoro humano.

fonte:Otempo

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