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14 de maio de 2010

Pessoas que contam tudo na internet repensam sua atitude

Jovens estão mais preocupados do que os adultos acerca da privacidade na web

A sabedoria convencional diz que todo mundo com menos de 30 anos gosta e não vê problemas em revelar todos os detalhes de sua vida na internet, desde seu tipo preferido de pizza até seus parceiros sexuais preferidos. Mas muitos membros da geração "conta-tudo" estão repensando o que significa viver uma vida "livro aberto".

Apesar de a participação em redes sociais ainda ser forte, uma pesquisa divulgada mês passado pela Universidade da Califórnia descobriu que mais da metade dos jovens estava mais preocupada com sua privacidade hoje do que há cinco anos. Os números assemelham-se aos de pessoas com a idade dos seus pais ou mais velhos.

Entretanto, os jovens e adolescentes estão mais atentos do que os adultos mais velhos na hora de tentar se proteger. Em um novo estudo lançado neste mês, o Projeto de Pesquisa de Internet Pew descobriu que as pessoas com 20 e poucos anos exercem mais controle sobre suas reputações digitais do que os mais velhos. Os jovens são mais prováveis de apagar postagens desagradáveis e limitar a informação sobre eles próprios.
"As redes de relacionamento social requerem vigilância, não só sobre o que você posta, mas também sobre o que seus amigos postam sobre você", disse Mary Madden, especialista em pesquisa que supervisionou o estudo do projeto Pew, que analisa o comportamento online. "Agora, você é responsável por tudo".

A erosão da privacidade se tornou um tema urgente entre os usuários ativos das redes sociais. Neste mês, o Facebook brigou para consertar uma falha que permitia aos usuários ver as informações supostamente confidenciais dos seus amigos, incluindo bate-papos pessoais.

Sam Jackson, que está no segundo ano na Universidade Yale e começou um blog quando tinha 15, disse que aprendeu a não confiar na privacidade de nenhuma rede social. "Se eu voltar nas postagens antigas e ler, tem coisas de quatro anos atrás que eu não diria hoje", disse Jackson, que atualmente é estagiário no Google. "Hoje faço muita autocensura. Tento ser honesto e direto, mas agora presto atenção no que dizer para a pessoa com quem estou conversando".

Público. Min Liu, 21, estudante de artes da Nova Escola de Nova York, abriu uma conta no Facebook aos 17 e relatou sua vida universitária em detalhes, desde as bebidas no alto de prédios com os amigos até danças nas boates de Manhattan. Recentemente, porém, ela está repensando seu diário.

Preocupada com os prospectos para sua carreira, ela pediu para uma amiga retirar do Facebook uma foto dela bebendo e usando um vestido muito justo. Quando a mulher que supervisionava seu estágio solicitou a inclusão no seu círculo de amigos da rede social, Liu concordou, mas limitou seu acesso apenas à página de entrada do Facebook. "Eu quero que as pessoas me levem a sério", disse ela.

Desconfiança. Em uma pesquisa por telefone com 1.000 pessoas, o Centro Berkeley de Direito e Tecnologia descobriu que 88% das pessoas entre 18 e 24 anos apoiava uma lei que exigisse que os sites apagassem as informações pessoais armazenadas. E 62% se disseram a favor de uma lei que desse às pessoas o direito de saber tudo o que o site sabe sobre elas.
Traduzido por André Luiz Araújo

Informação valiosa
Estratégia. Empresas como a Facebook têm incentivos financeiros para fazer as pessoas compartilharem o máximo de informação. A informação coletada pelo site serve para direcionar anúncios e receber mais isso.




Internautas perceberam risco

Para o psicólogo e psicanalista da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) Vítor Ferrari, o fenômeno da discrição na internet pode ser explicado pela descoberta de punição que também existe no mundo online. Ele lembra que as pessoas tentam projetar o mundo real no virtual, mas esquecem que, assim como na realidade, o cenário construído na internet tem consequências. “Talvez esses jovens tenham percebido que a resposta às suas falas e atitudes online não são de imediato como no mundo real, mas podem ser tão violentas e danosas quanto”, diz.

A exposição excessiva, que agora está sendo evitada pelos mais espertos, é uma forma de construção de identidade, segundo o psicólogo. Além disso, as pessoas acabam falando demais, porque têm necessidade de serem aceitas. Essa necessidade é tanta que, às vezes, as informações que divulgam na internet são mentirosas. “As pessoas entram naquela lógica de só mostrar o que é bonito. Por que elas contam que viajaram para o exterior, mas não comentam que bateram o carro porque dirigiam sem atenção?”, questiona.

Cedo ou tarde, se os jovens descobrirem que o preço dessa aceitação é alto demais, o psicólogo comemora e acredita que o ganho pode ser estendido para a vida real. “Se perceberam que é preciso ser discreto na internet, podem notar essa mesma necessidade em suas vidas”, observa. Ainda assim, ele aconselha aos pais que não afrouxem na vigilância. “Esse foi um ponto positivo, mas existem muitos outros danosos”, lembra.

fonte:Otempo

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