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15 de maio de 2010

Ciência do comprometimento explica a traição entre casais

Cérebro pode ser treinado para resistir à tentação, aponta pesquisa

Por que alguns homens e mulheres traem seus parceiros enquanto outros resistem à tentação? Para descobrir a resposta, várias pesquisas estão analisando a ciência do comprometimento. Os cientistas estão estudando todos os vieses, desde fatores biológicos que parecem influenciar a estabilidade conjugal até a resposta psicológica de uma pessoa após flertar com um estranho.

As descobertas dessas pesquisas sugerem que, apesar de algumas pessoas serem mais naturalmente resistentes à tentação, homens e mulheres também podem se treinar para protegerem seus relacionamentos e aumentarem seus sentimentos de comprometimento.

Estudos recentes levantaram questionamento sobre fatores genéticos poderem ou não influenciar o comprometimento e a estabilidade conjugal. Hasse Walum, biólogo do Instituto Karolinska da Suécia, estudou 552 grupos de gêmeos para aprender mais sobre um gene relacionado à regulação do químico cerebral vasopressina pelo corpo.

No geral, os homens que carregavam uma variação no gene eram menos prováveis de estar casados. Dentre esses, os que casaram eram mais prováveis de terem tido problemas conjugais graves e mulheres infelizes. Entre os homens que carregavam duas cópias da variante do gene, cerca de um terço tinha vivenciado crise grave no relacionamento, o dobro do número observado nos homens que não carregavam a variante.

Embora a característica geralmente seja chamada de "gene da fidelidade", Walum discorda. Segundo ele, sua pesquisa analisou a estabilidade conjugal, e não a fidelidade. "É difícil usar essa informação para prever qualquer comportamento futuro nos homens", explicou. Agora, ele e seus colegas estão trabalhando para replicar as descobertas nas mulheres através de pesquisa semelhante.

Apesar de poder haver diferenças genéticas que influenciem o comprometimento, outros estudos sugerem que o cérebro pode ser treinado para resistir à tentação.

Uma série de estudos incomuns comandados por John Lyndon, psicólogo da Universidade McGill de Montreal, analisou como as pessoas envolvidas em um relacionamento de compromisso reagem frente à tentação. Em um estudo, homens e mulheres casados e altamente compromissados eram solicitados a qualificarem sua atratividade acerca de pessoas do sexo oposto em uma série de fotos. Obviamente, eles deram notas mais altas para as pessoas que normalmente seriam vistas como atraentes.

Depois, os pesquisadores apresentaram a eles imagens semelhantes e diziam que a pessoa estava interessada em se encontrar com eles. Nessa situação, os participantes consistentemente deram a essas fotos notas mais baixas do que haviam dado na primeira série.

Quando eles estavam atraídos por alguém que poderia ameaçar seus relacionamentos, eles pareciam instintivamente dizer a si próprios: "Essa pessoa aí não é grande coisa". "Quanto mais compromissado você é, menos atraente você acha outra pessoa que ameaça seu relacionamento", concluiu Lyndon.


Amor e lealdade apenas

Pesquisadores da Universidade Stony Brook afirmam que os sentimentos de amor e lealdade não são necessariamente os que mantêm um casal unido. Os cientistas especulam que o nível de comprometimento pode depender de como um parceiro melhora a vida do outro e amplia seus horizontes - conceito que o psicólogo Arthur Aron chama de "autoexpansão".

A pesquisa concluiu que os casais que exploram novos lugares e experimentam coisas novas têm sentimentos maiores de autoexpansão, fato que aumenta seus níveis de comprometimento. "Entramos em relacionamentos porque outras pessoas se tornam parte de nós, e isso nos expande. É por isso que as pessoas que se apaixonam ficam acordadas a noite toda conversando e acham isso muito excitante. Os casais podem reacender a chama ao fazer coisas excitantes juntos", diz Aron.

Análise
Educação e ambiente podem pesar mais

Para o biólogo Fabrício Rodrigues Santos, professor de genética da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o "gene da traição" é mais uma tese especulativa. "A relação entre genética e comportamento humano ainda é muito incerta entre os estudiosos. Não é à toa que a previsão de prêmio Nobel nessa área esteja previsto para estudos que avancem na neurobiologia", diz.

O professor explica que existe a possibilidade da existência desses genes que influenciam a tendência para determinadas atitudes, como a traição. Mas lembra que o ambiente em que o indivíduo vive e a educação que recebeu ganham um peso muito maior. "É o que chamamos de herança multifatorial. A pessoa pode até ter propensão a determinada atitude, mas existe uma série de outros fatores que vão influencia-la", diz.

Ele destaca que é preciso cuidado com a visão determinista que, em outras palavras, é o modo "Gabriela" de viver, aquele em que a pessoa entende que nasceu de um jeito e, por isso, vai viver sempre assim. "Na genética, muitas coisas são determinantes, mas isso não acontece quando ela está relacionada ao comportamento", alerta.

fonte:Otempo

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