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23 de março de 2010

Para a Bíblia e santo Agostinho, Pedro não é a pedra da Igreja

A pedra da Igreja é Cristo e não a pessoa de Pedro

O fato de a Igreja ter cometido erros não quer dizer que ela fique desmoralizada e perca a sua importância e credibilidade na história do cristianismo e do mundo, pois a grandeza dos seus benefícios prestados à humanidade supera em muito seus desacertos.

Um desses desacertos foi o ensino de que são Pedro foi o primeiro papa, cujo objetivo foi de engrandecer e fortalecer a dobradinha dos poderes civil e religioso, e que começou com o imperador Constantino.

Outra coisa que os poderosos do cristianismo do passado criaram para se autobeneficiar é a interpretação desta frase de Jesus: "Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos" (são João 20,23).

A hierarquia religiosa atribuiu-se a si a exclusividade desse poder, a qual argumentava que Jesus se dirigiu só aos apóstolos, e que, portanto, esse poder era dos papas e dos bispos, sucessores dos apóstolos, poder esse que eles estenderam também para os padres.

Acontece que Jesus se dirigiu não só aos seus apóstolos, mas a todos os seus discípulos (são João 20, 19 a 23). Ademais, o próprio Jesus nos ensina que todos nós não só podemos, mas devemos perdoar os nossos ofensores, e não só sete vezes, mas 70 vezes sete, ou seja, sempre. E quem pode perdoar uma ofensa é a vítima da ofensa.

Você, que me está honrando com sua leitura, o que acharia de uma pessoa pisar no seu pé, e pedir perdão a outra pessoa?

Mas retomemos o assunto principal desta matéria. Muitos judeus achavam que Jesus fosse João Batista ressuscitado, outros: Elias; outros: um dos profetas; e ainda outros: Jeremias. Observe-se aqui que os judeus acreditavam na reencarnação, pois admitiam que pessoas já desencarnadas pudessem voltar.

E o Mestre Jesus perguntou aos seus apóstolos: e eu sou quem para vocês? Pedro de pronto respondeu: "Tu és o Filho de Deus vivo". Jesus disse, então, a Pedro: "Não foi a carne e o sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus".

Atentemos para o fato de que a resposta de Pedro não foi originada da sua pessoa (carne e sangue), mas de Deus. Porém Deus não se manifesta diretamente, mas tem seus espíritos atuando em seu nome (Hebreus 1,14), do que se conclui que foi um espírito que inspirou ou intuiu Pedro para a sua resposta. E acrescentou Jesus, confirmando a verdade dessa frase inspirada de Pedro: "Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra (a verdade da frase inspirada de Pedro) edificarei minha igreja" (são Mateus 16,14 a 18).

Essa interpretação é baseada na Bíblia e em santo Agostinho (Sermão 76, página 479, do 5º volume das Obras Completas, editadas por Migne, Paris, 1877, com o apoio dos padres beneditinos; nota do filósofo e teólogo jesuíta Huberto Rohden, em "Filosofia Cósmica do Evangelho", página 115, Ed. Alvorada - a atual Martin Claret -, 1982).

Realmente, a pedra da Igreja é Cristo (1Coríntios 10,4; Atos 4,11). Assim, figuradamente, ela representa Jesus Cristo e não a pessoa de Pedro, embora Jesus tenha chamado também esse seu grande apóstolo de "Kefas" (Pedro, nome derivado de pedra).

E eis uma frase dos originais latinos de santo Agostinho, sintetizando essa questão: "Super me aedificabo te, non me super te", cuja tradução é: "Sobre mim te edificarei, não a mim sobre ti".
É o nome Pedro que procede de pedra, e não a pedra que procede de Pedro, do mesmo modo que cristão vem de Cristo, e não Cristo de cristão!


Escrito por:JOSÉ REIS CHAVES
Teósofo e biblista - jreischaves@gmail.com

fonte:Otempo

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