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31 de março de 2010

Acelerador de partículas consegue simular o Big Bang

Colisão de feixe de prótons abriu nova era de descobertas na área da física

GENEBRA, Suíça. O Grande Colisor de Hádrons (LHC) bateu um novo recorde ontem. O acelerador de partículas conseguiu produzir a colisão de dois feixes de prótons a 7 tera-elétron volts, criando uma explosão de tamanha magnitude que os cientistas estão chamando de um "Big Bang em miniatura". O feito emocionou a equipe do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern), que aplaudiu de pé o resultado da experiência assistida por pesquisadores do mundo todo pela internet.

O equipamento, cuja construção custou aproximadamente 3 bilhões de euros, retomou suas atividades em novembro. O LHC foi desligado nove dias depois de seu lançamento, em setembro de 2008, por problemas de superaquecimento. O reparo custou mais US$ 40 milhões. Dez dias atrás, dois feixes de partículas começaram a percorrer, em direções opostas, o túnel oval, a uma energia de 3,5 tera-elétron volts, ou 3,5 bilhões de bilhões de elétron volts (três vezes maior do que o recorde registrado anteriormente).

"Estamos abrindo as portas para a nova física, um novo período de descobertas na história da Humanidade", disse Rolf-Dieter Heuer, diretor-geral do Cern.

Os cientistas esperam que o LHC lance luz sobre grandes mistérios do Universo. A principal motivação é identificar o bóson de Higgs, também conhecido como "partícula de Deus". Proposto em 1964 pelo escocês Peter Higgs, o bóson seria o responsável por dotar de massa tudo o que existe no Universo, transformando gases em galáxias, estrelas e planetas. A partícula também possibilitaria o surgimento da vida na Terra e, talvez, em outros locais do cosmos. Por isso há tanta expectativa de que o LHC dê provas de sua existência.

Outra missão do Cern é encontrar evidências relacionadas à matéria escura, ou invisível, que seria responsável por cerca de 25% da massa do Universo. Apenas 5% do Cosmos reflete luz. Espera-se, ainda, que o LHC, em seus estimados 20 anos de vida, encontre provas reais da existência de energia escura, que representaria os 70% restantes do Universo.

As conclusões do experimento, no entanto, podem ingressar em um território hoje só explorado pela ficção científica, se comprovarem a existência de universos paralelos ou outras dimensões, além das cinco já conhecidas. E, também, se identificarem e detalharem alguma estrutura que seja anterior ao Big Bang.

Brasil. O Brasil está entre os 85 países com representantes na equipe do LHC. Pesquisadores da Coppe/UFRJ atuaram em estudos de computação, calorimetria e filtragem de dados, além de construir circuitos para registro do choque entre prótons.

A integração de cientistas possibilitou o desenvolvimento de tecnologias inéditas para diversos setores do projeto, como o processamento de sinais e a análise de dados.

Cronologia
1994 - O Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern) aprova a construção do Grande Colisor de Hádrons (LHC, em inglês).

1996 - Os experimentos para descobrir o bóson de Higgs são aprovados. Rússia, Índia, Canadá e EUA participam do projeto.

1998 a 2008 - Construção do complexo e início de experimentos.

Julho de 2008 - O LHC está completamente construído.

Agosto de 2008 - Os túneis onde acontecem a colisão de partículas chegam à temperatura de zero absoluto (-271 ºC).

Setembro de 2008 - Problemas de funcionamento interrompem a operação.

Outubro de 2008 - Inauguração oficial do complexo.

Novembro de 2009 - Partículas começam a circular pelos túneis, ainda em baixa velocidade.

Dezembro de 2009 - Uma falha técnica interrompe mais uma vez as atividades.

Fevereiro de 2010 - O trabalho se reinicia. As velocidades aumentam, chegando a 3,5 TeV.

30 de março de 2010 - A velocidade das partículas chegam a 7,0 TeV, a maior já registrada e a almejada pelo laboratório, e iniciam as primeiras colisões.

fonte:Otempo

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