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1 de dezembro de 2009

Novo site celebra 350 anos de descobertas científicas

Quando Wolfgang Amadeus Mozart visitou Londres em 1764, aos oito anos de idade, ele era uma sensação musical. Multidões queriam assistir ao concerto do menino que tinha duas sinfonias em seu nome. Para Daines Barrington, entretanto, a visita do prodígio era menos um espetáculo musical do que uma oportunidade científica. Advogado e cientista amador, ele era cético quanto à capacidade de alguém tão jovem, e estava determinado a investigar o talento do menino. Verificou seu nascimento, confirmou a idade e submeteu-o a testes musicais complexos. Ficou tão perplexo que, seis anos depois, ao ser aceito na Royal Society, publicou um artigo no jornal descrevendo o fenômeno. Seu Account of a Very Remarkable Young Musician é um dos destaques do Trailblazing, poderosa fonte de recursos online lançada pela Royal Society para marcar o aniversário de 350 anos da academia científica.

O site Trailblazing (http://trailblazing.royalsociety.org/) foi criado pela influente academia científica britânica e inclui documentos escritos a mão sobre alguns dos achados científicos mais importantes dos últimos três séculos e meio.

Também estão ali os estudos de Benjamin Franklin sobre tempestades elétricas - datam de 1752, a primeira vez que alguém propôs que os raios eram eletricidade e não uma força sobrenatural. E também as notas de Edward Stone, de 1763, sobre o uso da casca de salgueiro para tratar febre, que documentam os começos do descobrimento do ácido acetil salicílico e a produção da aspirina, hoje um dos medicamentos mais usados em todo o mundo.

Os criadores do Trailblazing dizem que o site é uma viagem virtual, no ritmo de cada um, através da ciência. A Royal Society espera que ele inspire as pessoas a verem a ciência como parte da vida e da cultura no dia a dia.

No site, cada documento é acompanhado de um comentário por algum integrante atual da Royal Society, explicando o significado e o contexto da descoberta. Martin Rees, presidente da Royal Society, disse que os documentos mostram "a incessante petição dos cientistas, durante séculos (...) para provar e cimentar nosso conhecimento da humanidade e do universo". Para ele, o site exibe "momentos emocionantes nos quais a ciência nos permite compreender melhor e ver mais adiante".

Os documentos, tirados da publicação científica mais antiga do mundo em língua inglesa, a Philosophical Transactions, também incluem notas de 1776 sobre como o capitão James Cook salvou seus marinheiros do escorbuto com repolho em conserva e limões, muito antes de serem desenvolvidas ideias sobre nutrição.

Podem ser vistos na web, ainda, os primeiros escritos sobre buracos negros por parte de Stephen Hawking e o histórico trabalho de Isaac Newton de 1672 sobre a natureza da luz e da cor, e os documentos de 1940 sobre o descobrimento da penicilina.

Daines Barrington, em seus escritos sobre Mozart, destacou que o menino era tão travesso e distraído quanto qualquer outro de sua idade, mas mostrava um talento excepcional. "Mal foi posta a partitura à sua frente, começou a tocar a sinfonia de forma magistral", escreveu.

A Royal Society foi fundada em 28 de novembro de 1660 por um grupo de 12 estudiosos que incluia o arquiteto Christopher Wren, o cientista Robert Boyle e John Wilkins, inventor do sistema métrico. É a mais antiga academia científica do mundo, com mais de 60 ganhadores de Prêmio Nobel entre seus 1,4 mil integrantes.

Anualmente, 44 cientistas são nomeados "fellow" em reconhecimento ao seu trabalho e passam a integrar a academia - a distinção mais alta que um cientista pode obter, com exceção do Nobel. Entre os membros atuais da sociedade está o cosmologista de Cambridge Stephen Hawking.

O lançamento do site Trailblazing dá a largada para as comemorações oficiais dos 350 anos de fundação da academia, em 2010. Está programa, também, um festival de ciências com nove dias de duração em Londres.

fonte:Terra

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