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19 de julho de 2009

Mariposa interfere no sonar do morcego como defesa

Como um daqueles aviões "invisíveis", a mariposa consegue se "esconder" do sonar de seu inimigo, graças às suas próprias emissões de ultrassom

Poucos predadores noturnos são mais eficientes do que os morcegos comedores de insetos. As rajadas de ultrassom emitidas pelos bichos permitem que eles "vejam" na mais completa escuridão -- a não ser, é claro, quando a presa desejada é uma certa mariposa-tigre (Bertholdia trigona). Pesquisadores dos EUA mostraram que, como um daqueles aviões "invisíveis", o inseto consegue se "esconder" do sonar de seu inimigo, graças às suas próprias emissões de ultrassom.

A inovação "tecnológica" é uma mão na roda: outras mariposas, que não possuem esse sistema de contra-ataque, correm 400% mais risco de serem capturadas do que a espécie em questão. Essas conclusões estão num artigo na edição desta semana da revista especializada "Science", cujo autor principal é Aaron Corcoran, da Universidade Wake Forest, na Carolina do Norte.

Já se sabia há bastante tempo que a mariposa-tigre, assim como muitos morcegos, produzia emissões de ultrassom, que os ouvidos humanos não conseguem captar. Para o morcego, as emissões são uma espécie de visão noturna: o som é refletido pelos objetos ao seu redor, na forma de ecos, e é decodificado pelo cérebro do bicho, formando uma imagem mental mesmo no escuro. O duro era saber para que os insetos estavam usando esses barulhos.

Três principais hipóteses competiam para explicar isso. A primeira é de que o som serviria como um sinal de alerta para o morcego sobre o sabor da mariposa (uma mensagem do tipo "tenho gosto ruim tenho gosto ruim tenho gosto ruim"). Ao associar o barulho com o sabor desagradável, o mamífero alado não mais devoraria as mariposas. Outra hipótese é a do susto: o ultrassom assustaria o morcego e atrapalharia a captura. Finalmente, havia a ideia do "manto de proteção": o sonar do morcego não funcionaria bem diante do contra-sonar do inseto.

O jeito de testar essas propostas não poderia ser mais simples: os pesquisadores fizeram com que algumas mariposas ficassem "mudas", coitadas, removendo o órgão usado para emitir o ultrassom.

Em uma variante dos experimentos, as mariposas ficaram amarradas, à espera do morcego; em outros, podiam voar por um recinto com preparação acústica especial. Outras espécies de mariposa, sem o sonzinho irritante, também entraram na brincadeira, como controle.

O que aconteceu era totalmente consistente com a hipótese do contra-ultrassom das mariposas: os insetos de outras espécies eram facilmente devorados, assim como as mariposas "mudas", mas era bem mais difícil capturar as mariposas com ultrassom funcional. Em pleno voo, os morcegos tinham de ficar corrigindo seu curso, muitas vezes sem chegar a lugar algum.

fonte:G1

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