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25 de agosto de 2010

Colaboração na internet ajuda a checar teorias matemáticas

Novas tecnologias facilitam a troca de ideias na segunda revolução científica

O potencial da colaboração baseada na internet foi ativamente demonstrado neste mês quando teóricos da complexidade usaram blogs e wikis para contestar uma suposta prova sobre um dos problemas mais profundos e difíceis para os matemáticos e cientistas da computação.

Vinay Deolalikar, matemático e engenheiro elétrico da Hewlett-Packard (HP), publicou em um site uma suposta explicação para o problema conhecido como "P versus NP". Ele então notificou vários pesquisadores importantes de um campo de estudo que se concentra em problemas solucionáveis apenas com a aplicação de quantidades imensas de recurso de computação.

O pesquisador afirmou que havia conseguido demonstrar que P (o grupo de problemas que podem ser solucionados facilmente) não se iguala a NP (problemas que são difíceis de resolver, mas fáceis de verificar quando uma solução é descoberta). Assim como nos grandes desafios matemáticos - o último teorema de Fermat, por exemplo - existem muitas coisas em jogo e, neste caso, um prêmio de US$ 1 milhão.

Enigmas matemáticos. No ano 2000, o Instituto de Matemática Clay escolheu sete dos maiores problemas matemáticos não solucionados, rotulou-os como "Problemas do Milênio" e ofereceu um US$ 1 milhão pela solução de cada um deles. "P versus NP" é um desses problemas. Em março, por exemplo, o primeiro prêmio foi concedido ao matemático russo Grigory Perelman (e recusado por ele meses depois) pela solução da Conjetura Poincaré, que já durava mais de um século.

"P versus NP" tem uma enorme importância prática e econômica, pois a criptografia moderna está baseada na suposição, que é trabalhável até agora, de que P não é igual a NP. Em outras palavras, existem problemas que, apesar de serem impossíveis para os computadores resolverem, as soluções são facilmente reconhecíveis. Se esses problemas se mostrassem solucionáveis, isso poderia minar a criptografia moderna, fato que poderia paralisar o comércio eletrônico e a privacidade digital, pois as transações pela internet não seriam mais seguras.

Em uma nota enviada a um pequeno grupo de pesquisadores em 6 de agosto, Deolalikar escreveu: "A prova exigiu a junção de princípios de múltiplas áreas dentro da matemática. O maior esforço na construção dessa prova foi descobrir uma cadeia de ligações conceituais entre vários campos e vê-los através de lentes comuns".

Rede. Neste caso, a maior inovação pode não estar na ciência em si, mas na forma como ela foi praticada. Até o meio do mês, embora Deolalikar não tivesse desistido da sua suposta prova, já havia um consenso entre os teóricos da complexidade de que a alegação tinha várias falhas significativas.

"Neste ponto, o consenso é de que há buracos grandes na suposta prova - na verdade, tão grandes que as pessoas nem consideram que a suposta prova é uma prova", disse Moshe Vardi, professor de ciência da computação na Universidade Rice e editor-chefe da revista "As Comunicações da Associação para os Mecanismos de Computação". "Acho que Deolalikar teve seus 15 minutos de fama, entretanto, a empolgação cedeu e o ceticismo está se transformando em condenação".

Tempo real. O ponto mais altamente significativo, porém, foi o ritmo da discussão e análise, realizadas em tempo real em blogs e uma wiki que foi rapidamente estabelecida com o propósito de analisar o artigo coletivamente. Esse tipo de colaboração nas comunidades de matemática e ciência da computação surgiu apenas nos últimos anos. No passado, discussões intensas como a que envolveu a prova da Conjetura de Poincaré foram realizadas via e-mails particulares e listas de distribuição, além das páginas de revistas científicas impressas tradicionais.

fonte:Otempo

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