Arruda será preso ou afastado

OAB ingressa com ação para bloquear bens do pivô do escândalo no DF

Brasília. Acusado de comandar o esquema de corrupção no Distrito Federal, o governador José Roberto Arruda (sem partido) pode estar com os dias contados no cargo. As diferentes instâncias da Justiça já debatem a forma de afastá-lo do cargo. E existe até a possibilidade de que tenha a prisão decretada.

O que agravou a situação de Arruda foi a tentativa de suborno ao jornalista Edmilson Edson dos Santos, conhecido por Edson Sombra, na quinta-feira, fato que foi documento pela Polícia Federal.

A Justiça e o Ministério Público discutem as formas jurídicas e tiram as últimas dúvidas técnicas a respeito do afastamento ou da prisão preventiva do governador, para garantia da instrução do inquérito. Essa hipótese vem sendo amadurecida desde janeiro, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisava o pedido de quebra de sigilo bancário dos envolvidos no escândalo.

Patrimônio. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ingressou ontem com uma ação na Justiça Federal pedindo o bloqueio dos bens de Arruda e dos oito deputados distritais suspeitos de envolvimento no caso. Segundo o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, a ação não deve ser encarada como um prejulgamento.

"Não estamos julgando, mas em havendo desvio de recursos, deve ser devolvido à sociedade aquilo que foi retirado dela. O bloqueio serve para que eles não possam alienar esses bens no curso das investigações", disse. A OAB também estuda como pedir à Justiça o afastamento de Arruda do cargo.

Vídeos. Em depoimento à PF, Edson Santos contou que foi procurado no começo de janeiro pelo deputado distrital Geraldo Naves (DEM), "para que pudesse prestar serviço" para atrapalhar as investigações da operação Caixa de Pandora. Dentre os pacote de serviços, ele cita vídeos gravados p or Durval Barbosa que não foram divulgados e documentos que "pudessem ajudar na defesa" de Arruda.

Arruda teria escrito bilhete a Sombra, que fez parte da negociação da propina e é uma das provas da tentativa de suborno. Os advogados de Arruda, negaram seu envolvimento no pagamento de propina ao jornalista.

Bento
Parente. O servidor Antônio Bento da Silva, que foi preso entregando R$ 200 mil ao jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, disse à Polícia Federal (PF) que o dinheiro lhe teria sido repassado por Rodrigo Arantes, sobrinho e secretário particular do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido).

Pedido. Antônio Bento da Silva foi transferido ontem para o presídio da Papuda. A defesa do servidor entrou com pedido de liberdade provisória no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Roberto Carlos
Delicado. O cantor Roberto Carlos foi convidado a fazer um show pelos 50 anos de Brasília, mas deve recusar. Segundo seu empresário, "seria delicado" aceitar um convite feito por Arruda, que é investigado pela PF.

Bilhete
Deputado pede afastamento

Brasília. O deputado Geraldo Naves (DEM) pediu à Mesa Diretora da Câmara do DF para ser afastado da CPI da Corrupção e da Comissão de Constituição e Justiça. A CPI investiga o esquema de corrupção no governo local, e a CCJ é responsável pela análise dos pedidos de impeachment do governador Arruda. Segundo o presidente da Câmara, Wilson Lima, o afastamento de Naves "dará mais transparência às investigações".

Geraldo Naves admitiu ontem ter entregado ao jornalista Edmilson Edson dos Santos um bilhete de Arruda, no qual estava escrito: "gosto dele"; "sei que tentou evitar"; "quero ajuda"; "sou grato"; "GDF ok" e "Geraldo está valendo".

Apesar de admitir que entregou o bilhete do governador ao jornalista, Geraldo Naves negou que a mensagem tratasse de suborno. "O item que diz ‘quero ajuda’ foi uma forma carinhosa de falar com pessoas que pudessem ajudar nesse momento difícil. Foi um bilhete ingênuo", disse o deputado.

fonte:Otempo