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28 de junho de 2009

Alucinações e delírios podem levar a atos violentos

Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) ilustrou informações contidas em publicações da área no exterior. De autoria do psiquiatra Alexandre Martins Valença, o trabalho verificou que mulheres com transtornos psicóticos são mais suscetíveis a cometer assassinatos, principalmente envolvendo familiares.

De acordo com a Sociedade Paranaense de Psiquiatria, apenas 1% da população mundial sofre com o distúrbio. Essa também é a média de casos no Paraná e no Brasil.

Para chegar a tal constatação, Valença conta que trabalhou com 30 pacientes do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho, no Rio de Janeiro. “Todas elas recebiam tratamento por já terem cometido homicídio, tentativa de homicídio ou estarem envolvidas em algum ato violento. Foram ao todo 30 mulheres, mas o estudo se focou em oito: sete com esquizofrenia e uma com transtorno esquizoafetivo. A maioria delas apresentava baixo nível de escolaridade, era solteira, não tinha atividade profissional e apresentava baixa renda familiar na época do delito”, explica o membro da ABP.

De acordo com os resultados da pesquisa, cinco mulheres apresentaram sintomatologia psicótica no momento da avaliação. O psiquiatra constatou também que as alucinações auditivas foram os sintomas psicóticos mais comuns (50% deste grupo) e que, quando as próprias pacientes foram questionadas sobre a existência de sintomatologia psicótica na época do delito, quatro afirmaram sofrer esse tipo de alucinação, o restante negou.

“A negação nesses casos realmente acontece. A pessoa não tem uma crítica em relação à necessidade de procurar ajuda e afirma ainda não ter nenhum problema”, conta Valença.

Após as análises, Valença verificou que o que leva as pessoas com transtornos mentais a cometer homicídio e ações de violência está relacionado com a falsa sensação - causada pelas alucinações e delírios -, de que as pacientes estão sendo ameaçadas ou colocadas em perigo pelas pessoas mais próximas, o que na verdade não existe.

“A maioria das agressões aconteceu entre membros familiares. Acredito que isso acontece pela facilidade de contato. Os familiares estão mais presentes na convivência doméstica e no dia-a-dia, por isso mais suscetíveis às ocorrências”, relaciona.

No entanto, Valença explica que esse estudo não deve ser motivo para preconceito com os doentes. “Pelo contrário, quero entender os fatores que contribuem para a doença e propor medidas de intervenção terapêuticas para os pacientes em risco, assim podemos minimizar comportamentos violentos e, consequentemente, diminuir os riscos para a sociedade”, esclarece.

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