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28 de maio de 2010

Mutirão no país faz alerta para a banalização da dor de cabeça

Especialistas vão diagnosticar e orientar população de 13 cidades

"Alguém tem um remédio para dor de cabeça?" Todo mundo já fez ou escutou essa pergunta alguma vez. E quando a indagação acontece, em poucos segundos, um coquetel de analgésicos surge em solidariedade, normalmente vindo de bolsas femininas. A situação corriqueira, no entanto, pode levar ao hábito da automedicação, prática perigosa e que será um dos principais temas abordados por médicos da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe) em uma série de mutirões de atendimento à dor de cabeça em 13 cidades do país.

Iniciativa da Academia Brasileira de Neurologia em parceria com a SBCe, o movimento vai disponibilizar à população profissionais especializados no assunto que farão diagnóstico do paciente e apontarão possível tratamento. Em Belo Horizonte e na maioria das cidades o mutirão acontecerá amanhã. As exceções são o Rio de Janeiro e São Paulo, que recebem o evento hoje, e Brasília, onde está marcado para o dia 11 de junho.

Segundo o presidente da Sociedade Mineira de Cefaleia, Ariovaldo Alberto da Silva Júnior, as pessoas atendidas receberão um parecer assinado pelo presidente da SBCe com as devidas orientações sobre o tratamento. "Caso o paciente precise passar por um exame, vamos encaminhá-lo e depois o receberemos novamente para apresentar um diagnóstico final", diz Silva Júnior. "Queremos que as pessoas entendam que a dor de cabeça não é um problema banal, ela causa sofrimento real para muita gente", diz.

Segundo o médico, a doença atinge 90% da população mundial e é mais frequente entre mulheres de 19 a 49 anos. Ele destaca, ainda, dados da Organização Mundial de Saúde que apontam a dor de cabeça como 19ª causa de piora na qualidade de vida das mulheres. "O ciclo reprodutivo da mulher deixa o cérebro mais vulnerável e, portanto, mais propenso à dor", explica.

Preocupação. Segundo o médico, uma das principais preocupações dos especialistas é a automedicação. Ele explica que tomar mais de dois analgésicos por semana se configura abuso e pode levar à dor de cabeça crônica. "A pessoa que toma muitos remédios e não busca o tratamento nunca será curada, sempre ficará com aquela dorzinha incomodando".

Para evitar o uso de medicamentos, o especialista sugere compressa de gelo para a enxaqueca e bolsa quente, em caso de cefaleia tensional - dor de cabeça mais branda.

Segundo a SBCe, cerca de 30 milhões de brasileiros sofrem de enxaqueca, sendo que um tratamento adequado poderia reduzir em até 60% as crises. Foi o que aconteceu com a secretária executiva Andréia Ribeiro, 46, que convive com a enxaqueca há 25 anos. Apesar de ter a doença, ela não tem crises fortes há um ano, pois procurou um neurologista. "Resolvi iniciar o tratamento depois que tive uma crise terrível que durou cinco dias. Fiquei aterrorizada com o que a enxaqueca pode fazer com uma pessoa", diz ela, lembrando que as dores vieram acompanhadas de vômito e mal estar. "Não sabia o que estava acontecendo comigo", diz.
Andréia afirma que, antes do tratamento, abusava dos analgésicos. "Sabia que aquilo podia me fazer mal, mas quando a dor vem você nem pensa, só quer pegar o primeiro remédio que encontra na bolsa", diz.

Depois de receber diagnóstico da enxaqueca, Andreia iniciou tratamento e precisa utilizar um medicamento diário. Além disso, tem que ficar de olho na alimentação e nas horas de sono. Com um ano de dores brandas, ela está aliviada. "Só quem já teve enxaqueca sabe como é terrível, por isso a orientação médica é essencial", observa.





Alerta
Excesso de remédios piora quadro

Além do incômodo da dor, a cefaleia pode levar à depressão e ansiedade, alerta o presidente da Sociedade Mineira de Cefaleia (SMCe), Ariovaldo Alberto da Silva Júnior. Sentindo dor, a pessoa não consegue ir trabalhar, realizar atividades domésticas, nem sair de casa.

Em uma pesquisa realizada em Capela Nova (MG), o médico descobriu que dois terços da população desenvolveram problemas psicológicos devido à dor de cabeça. Percebeu, ainda, que essa mesma proporção de habitantes abusavam dos analgésicos e desenvolveu a chamada cefaleia medicamentosa. Isso acontece quando a pessoa utiliza analgésico combinado – com mais de uma substância por comprimido – durante dez dias no mês ou analgésico simples por 15 dias no mês, ambos num período de dois meses. “Quando a pessoa se automedica a dor não acaba e ainda traz consequências psicológicas”.

fonte:Otempo

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