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24 de junho de 2011

Até que o dinheiro nos separe

Casados. Cláudio Paixão e Priscila Fuzikawa, juntos há nove anos, optaram por fazer um curso para aperfeiçoarem a forma de gestão da economia familiar

Dizem as más línguas que, quando o dinheiro sai pela porta, o amor sai pela janela. Não há casamento que resista ao arrocho financeiro, à falta de planejamento e às contas em atraso. As pesquisas confirmam que cerca de 50% dos casais no Brasil se separam devido a divergências em relação ao dinheiro.

É o caso de Paula, que prefere não informar seu sobrenome e diz que sua união com Marcelo terminou por conta dessa peleja financeira. "A gente não se entendia sobre a forma de pagar as despesas comuns, como tarifas públicas, supermercado e condomínio. Eu pensava de uma forma e ele, de outra. Nós dois achávamos a proposta do outro injusta. E, de tanto discutir, decidimos que era melhor morarmos em casas separadas para preservar o amor", conta.

Mas existem outras vias disponíveis para minimizar esse tipo de pendenga. Alguns casais de noivos estão optando por um tipo de aconselhamento financeiro, antes mesmo do "sim". Gente antenada que já percebeu que só o amor não faz durar uma relação. É necessário se preparar para todas as adversidades, inclusive a financeira.


Percebendo esse filão, o consultor e sócio-diretor da Vitadenarium Consultoria, Rodrigo Ventre, criou alguns cursos, um tipo de coaching financeiro, pensando no futuro da relação, em trabalhar a favor do dinheiro. "A falta de transparência, conversa e organização faz com que os problemas financeiros separem os casais", observa Ventre.

Na lida diária, o consultor descobriu três tipos de casais: os não organizados que possuem um desequilíbrio financeiro; os que têm uma boa situação econômica e querem mais consciência e potencialização dos seus recursos; e um novo grupo, que são os noivos.

É preciso fazer uma contabilidade matrimonial e pensar na renda do casal a dois. "O ideal é o casal chegar a um valor total para o orçamento da casa, excluídas as despesas e os projetos pessoais de cada um. Cada parceiro contribui com o orçamento da casa de forma proporcional aos seus rendimentos. O casal pode ter uma conta conjunta para as despesas da família", propõe Ventre.


Para as despesas pessoais, ele sugere uma conta individual como forma de preservar a individualidade e evitar dissabores. Os noivos de hoje, diz o consultor, "desejam manter equilíbrio entre realização profissional, família, saúde e lazer e são adeptos do tripé da prosperidade: dinheiro, tempo e qualidade de vida. Esse novo casal acredita e realiza a gestão compartilhada".


Estilos. Muitos casais têm estilos de vida diferentes, uns são gastadores, compradores compulsivos e outros são mais comedidos. "Um casamento deve ter renúncias e escolhas, e isso ocorre também com as finanças. É importante que o casal possa usufruir de forma conjunta do dinheiro, definindo junto as prioridades e os valores a serem gastos e poupados", ensina Ventre.
Para uma vida financeira a dois saudável é necessário clareza. O consultor afirma que não há como manter um orçamento entre os cônjuges de forma saudável escondendo informações importantes como o salário e os gastos pessoais. "Finanças é algo muito íntimo, e não há relação mais íntima que a de um casal, mas deve se manter a individualidade. Ausência da transparência não gera uma relação saudável", finaliza.

Cálculo
Casal não sabia onde ia parar o dinheiro do mês

A terapeuta ocupacional Priscila Fuzikawa, 44, está casada há nove anos com o psicólogo Cláudio Paixão e tem duas filhas. O casamento vai bem, mas ficou ainda melhor depois que eles decidiram que seria importante investir em um curso de aconselhamento financeiro, o tal do "coaching". "Eu sabia que a técnica é focada em resultados. Então achei que essa seria uma boa ferramenta para que pudéssemos dar uma equilibrada na economia familiar", diz ela.

Priscila conta que ela e o marido nunca foram de gastar o que não tinham, mas, mesmo assim, não sabiam para onde o dinheiro ia: "De repente, nos vimos em meio a uma reforma da casa e gastamos mais do que previmos. Foi muito desgastante. Depois disso, resolvemos aprender a lidar com o dinheiro".

Priscila fez o curso durante seis meses, com aulas quinzenais. "A relação com o dinheiro fala, na verdade, como lidamos com a nossa vida. Não é apenas uma questão matemática, mas de cuidado. Passei a ter noção dos gastos que eu tinha com o consultório", diz.

Cláudio mudou de emprego, teve redução de 60% no salário "e, mesmo assim, conseguimos manter nosso padrão", diz Priscila, que já planeja as férias de janeiro de 2012.

Os noivos Elisa Alkmim e Euler Santos fazem as contas juntos
Noivos querem programar o futuro para evitar divergências

Eles são precavidos. Os empresários Euler Santos, 29, e Elisa Alkmim, 29, vão se casar em outubro. Namoram há sete anos e se dão bem quando o assunto é dinheiro. "Já começamos a nos preocupar com a hora em que teremos que administrar juntos as contas e ter que decidir, por exemplo, se vamos investir em um apartamento, colocar armários, como vamos pagar IPTU, alimentação, limpeza", diz Euler.


O casal quer evitar surpresas desagradáveis que podem destruir o casamento. "Certos desgastes podem ser evitados. Quando há uma combinação antes, nenhum dos dois poderá reclamar dos gastos do outro, no futuro", pondera Euler, que brinca ainda ao dizer que filhos, por enquanto, não "entram na planilha".

Dicas preciosas para um bom casamento

Nunca peça dinheiro emprestado ou empreste sem falar ao outro


Nunca deixar de conversar sobre o dinheiro, e o que se torna tabu pode atrapalhar


Nunca seja relapso em relação à organização financeira


Nunca deixe de conferir mensalmente os extratos bancários e as faturas do cartão de crédito


Guarde em média 10% do que ganha. Pode parecer difícil, mas, para poupar, é preciso começar


Anote todas as despesas da casa diariamente e organize tudo em uma planilha


Pratique sempre o diálogo sobre as finanças


Discutam juntos seus sonhos e projetos de vida e os incluam em seu planejamento financeiro


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